sábado, 20 de dezembro de 2008

A desobediência civil

"...A grande maioria dos homens serve ao Estado desse modo, não como homens propriamente, mas como máquinas, com seus corpos. São o exército permanente, as milícias, os carcereiros, os policiais, os membros da força civil, etc. Na maioria dos casos não há um livre exercício seja do discernimento ou do senso moral, eles simplesmente se colocam ao nível da árvore, da terra e das pedras. E talvez se possam fabricar homens de madeira que sirvam igualmente a tal propósito. Tais homens não merecem respeito maior que um espantalho ou um monte de lama. O valor que possuem é o mesmo dos cavalos e dos cães. No entanto, alguns deles são até considerados bons cidadãos. Outros - como a maioria dos legisladores, políticos, advogados, ministros e funcionários públicos - servem ao Estados principalmente com seu intelecto, e, como raramente fazem qualquer dintinção moral, estão igualmente propensos a servir tanto ao diabo, sem intenção de fazê-lo, quanto a Deus. [...]Um homem sábio só será útil como homem e não se sujeitará ao papel de "barro" para "tapar" um buraco que impeça o vento de entrar", mas deixará esta tarefa, ao menos, para suas cinzas:
' sou nobre demais para ser posse, ser um subalterno no comando, ou mesmo servo e instrumento útil a qualquer Estado [n.e: seja ele o Estado ou outras formas de Estado] soberano deste mundo".
Henry David Thoreau em A Desobediência Civil

Silas Felipe e a Era Tape

Meu amigo Silas é umas dessas pessoas que fala e escreve de forma muito espontânea - e engraçada, às vezes, é bem verdade. Ele ama anos 80 e Queen (acesse ERA TAPE). E logicamente foi no show dos veterenos do rock quando vieram aqui em novembro. No dia seguinte ele me escreveu contanto como foi. Reproduzo abaixo seu coment... : ) --------------------------------------------------------------------
"Oi Marcinha!
Te mando algumas fotos do show do queen.
Foi muito muito muito massa!!! O melhor q já fui... ver sua banda favorita a poucos metros não tem preço. E to com a voz meio estragada até hj (sábado)..fora q minha perna doe demais. Enfim, eu me esgotei, mas valeu a pena. A grande surpresa na minha opinião foi quando tocaram "Under Pressure", minha musica favorita!! Nossa, confesso que fiquei emocionado ao ouvir, pois essa muúsica me faz lembrar de varias coisas boas e experiências de vida. E o mais legal foi que não estava no set list dos últimos shows. E love of my life tb foi bem bonito...o coro de vozes foi incrível. E tb achei muito massa o "Kind of Magic" pois acho muito anos 80...foi nessa hora que caiu minha ficha que estava no show do queen. E não tem como não imaginar como seria esse show com o Freddie Mercury...no Bohemian Rhapsody, eles iluminaram um piano vazio e colocaram um vídeo dele cantando a primeira parte. Nossa, foi demais.
Bom, ainda to no espírito do show. Foi um dia muito especial e to meio confuso com as palavras pq eu quero falar várias coisas td ao msm tempo hehehe
Hj (sábado) peguei o dia pra descansar. Eu fiquei realmente cansado...e quase dormi na estrada voltando (chegue aqui 4:30). Sorte q parei no frango assado e tomei café, guaraná e coca cola..."


quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Oscar Freire I - Mundo Estranho - Parte III

Era 24 de julho de 1943... Oswaldo Raele foi à feira com seus 3 filhos... quando voltou, sua esposa, Dona Ana Pagliuca Raele, conhecida carinhosamente como Nina,
disse: "pegue as crianças e leve para a casa de minha mãe, e chame a parteira. O Cláudio vai nascer". E assim foi. Nasceu, ali na rua Oscar Freire, 330. Na verdade essa história aconteceu mesmo para meu tio Sérgio, o último dos cinco filhos do casal Raele. Mas adaptei-a a meu pai Claudio, que também nasceu ali...os cinco filhos nasceram ali na Oscar Freire [São Paulo,SP], um local com muitas histórias para contar...pelo menos as que meu pai conta são todas fantasticamente engraçadas, e posso dizer, com certeza, sem nada do glamour daquela que é considerada hoje uma das ruas mais chiques do mundo.
Todas essas histórias um dia estarão reunidas... mas ao momento o que quero dizer é o seguinte: como os anos transformam a vida... de brigas entre gangues de rua, cavalos que entram no cinema, jogos de futebol, o início da carreira de Boris Casoy, e a feira (que começava logo ali em frente a casa de meus avós) ao que é hoje com suas lojas de grifes, e que, dizem os experts no tema, dita tendência e reúne o melhor da moda [para eles].
A revista Elle desse mês trouxe um suplemento totalmente dedicado às lojas da Oscar Freire e suas travessas e paralelas. Mara Mac, Maria Garcia, Mob, Lacoste, Triton, Miss Sixty, Rosa Chá, Vivara, Dolores, etc, etc, etc... um mundo totalmente estranho para mim dentro da minha própria origem. Nasci da união de duas pessoas desse arredor - minhã mãe morava na Alameda Lorena - e que hoje em nada pertence a mim. É por isso que digo - como os anos transformam a vida...

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Mundo estranho... parte II

Mundo estranho esse o nosso... Por que quando as pessoas do mundo do rock passam a utilizar determinados tipos de roupa são chamadas de ridículas? mas alguns anos depois, esse mesmo tipo de vestimenta, podemos assim dizer, vira algo "fashionable" e hit nesse círculo de pessoas que se intitulam chiques? Outro dia percorrendo por motivos de trabalho um site de uma dessas pessoas (muito famosa por sinal) , me deparei com uma notícia dizendo que caveira em roupas era uma tendência chique. No dia a dia basta correr os olhos ao redor e você verá alguém com uma blusa de manga cumprida por baixo de uma camiseta, alguém com uma calça xadrez, com um jeans desfiado, verá alguém com cintos e outros detalhes em metal... todos se achando super "fashionables". Mas tenho certeza que se vissem esse mesmo traje alguns anos atrás em pessoas do submundo teriam falado "olha que ridículo!".
Mas como alguém chique e famoso comentou que era bacana usar, então Vamos Todos Usar!!!
O que mais gosto nesse mundo estranho é essa personalidade das pessoas. Incrivelmente livres de qualquer opinião...

P.s> Quem quiser ver o Mundo Estranho - Parte I... estava em www.myspace/donezine e é o seguinte...

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Mundo estranho
Modo atual: blé!

Odeio o "mundinho" que algumas pessoas fazem para si, abrindo suas bocas para falar de seus sapatos comprados "na liquidação", ou na fábrica de Franca, que de tão baratos levaram logo uns 15 pares. Ou então quando falam da "mega-oferta" da Zara (!!!), que estava vendendo calças de R$ 200,00 por R$ 130,00 (!!!).
... e com suas botas cano longo partiram em busca do novo modelo de bolsa que, só aquele, combinava com sua saia e seu alisamento japonês, igualzinha a que viu na Vogue ou na Estilo. Mas que, infelizmente, neste mês não poderiam comprá-la porque já gastaram todo seu salário na lipoaspiração ou na prótese de silicone para os seios.
Enquanto isso... cancelo minha faxineira por não conseguir pagar-lhe um salário de R$ 200,00 para vir em casa uma vez por semana. Enquanto isso... uma mulher bate em minha porta, tentando ser o mais educada possível, e fala: "Viemos de Minas e estamos acampados ali na beira da linha do trem. Já ganhamos feijão, arroz, macarrão. Será que a senhora teria um óleo para me dar?".

I don't want to hear itAll you do is talk about youI don't want to hear it'Cause I know that none of it's trueI don't want to hear itSick and tired of all your liesI don't want to hear itWhen are you gonna realize...THAT I DON'T WANT TO HEAR ITKNOW THAT YOU'RE FULL OF SHITShut your fucking mouthI don't care what you sayYou keep talkingTalking everydayFirst you're telling storiesThen you're telling liesWhen the fuckAre you gonna realizeTHAT I DON'T WANT TO HEAR ITKNOW THAT YOU'RE FULL OF SHIT(Minor Threat - I don..t wanna hear it)

No momento ouvindo:
Complete Discography
Por: Minor Threat
Data de lançamento: 1990-02-26

domingo, 16 de novembro de 2008

Reflexões

Reflexões de Marco Aurélio Amaro (vulgo Magrelo) a respeito de bandas de rock:
"Quando você começa a tocar, é indie. Depois você fica famoso e vira rock star, aí depois vira lenda. Ou seja, fim de carreira".

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Mais festival... 14º GOIÂNIA NOISE FESTIVAL traz Valesines com integrantes do Belle & Sebastian!!!

Organização também cria versão do festival em São Paulo


Comemorando os 10 anos da Monstro Discos, o Goiânia Noise Festival de 2008, que acontece nos dia 21, 22 e 23 de novembro, será com certeza o maior e mais internacional de sua história, como a própria produção gosta de frisar. Além disso, ampliaram a atuação do festival e São Paulo também terá sua variante barulhenta, batizada de SP Noise Festival, acontecendo nos dias 21 e 22, no Eazy ( Barra Funda).

Os indies paulistas vão amar, já que sua versão será semelhante à goiana, com destaque para a reunião da lendária banda escocesa Vaselines, conhecida no Brasil devido ao Nirvana que gravou (e tocou inclusive em seu show por aqui) as músicas "Son of a Gun" e "Molly's Lips". Eles se apresentam com os integrantes originais e Stevie Jackson e Bobby Kildea do Belle & Sebastian [!!!]. Outra presença internacional do festival de SP serão os americanos Black Lips e os canadenses Black Mountain. De brasileiros, estarão: Do Amor (RJ), Black Drawing Chalks (GO), Homiepie (SP), Ambervisions (SC). O festival conta ainda com Motek (Bélgica), Flaming Sideburns (Finlândia), Tormentos (Argentina), The Ganjas (Chile) e Calume-Hcla(USA).

Já Goiânia, que recebe o festival no Centro Cultural Oscar Niemeyer, conta com uma escalação maior, e terá além dos Vaselines, o Helmet (EUA) como destaque internacional. Também estão confirmados: Black Lips (EUA), Calumet-Hecla (USA), Black Mountain (Canadá) e Flaming Sideburns (Finlândia). Entre os nacionais, o festival está reunindo também dinossauros [no bom sentido rsss] do indie brasil, como Mickey Junkies (SP), MQN (GO), Gangrena Gasosa (RJ), Loop B (SP) e Mechanics (GO).

Veja abaixo a programação completa e faça suas malas!
(Outras informações em www.goianianoisefestival.com.br)


SEXTA FEIRA 21/11
Marcelo Camelo (RJ)

Black Lips (EUA)
Vaselines (Escócia)
Lucy And The Popsonics (DF)
Frank Jorge (RS)
Motherfish (GO)
Canastra (RJ)
Continental Combo (SP)
Calumet-Hecla (EUA)
The Backbiters (GO)
Mickey Junkies (SP)
Holger (SP)
Diego de Moraes e o Sindicato (GO)
Demosonic (GO)
Gloom (GO)

SÁBADO 22/11
Instituto (SP)

The Flaming Sideburns (Finlandia)
Black Mountain (Canada)
Black Melkon (Inglaterra)
Cabruêra (PB)
MQN (GO)
The Dead Rocks (SP)
Gangrena Gasosa (RJ)
Os Ambervisions (SC)
Black Drawing Chalks (GO)
Guizado (SP)
Amp (PE)
Mugo (GO)
Mersault e Maquina de Escrever (GO)
Cicuta (GO)

DOMINGO 23/11
Helmet (EUA)

Inocentes (SP)
Periferia SA (SP)
Claustrofobia (SP)
The Tormentos (ARG)
Loop B (SP)
Mechanics (GO)
The Ganjas (Chile)
Bang Bang Babies (GO)
Motek (Bélgica)
Hillbilly Rawhide (PR)
Heaven’s Guardian (GO)
Goldfish Memories (GO)
Fígado Killer (GO)



segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Venus Volts, The Donnas, Mukeka di Rato e mais... tudo isso é o Festival do SOL

Nome com cara de Brasil, programação nem tanto. Os desavisados podem pensar que Festival do Sol é algum evento importante de Axé e outros ritmos tradicionais do nosso nordeste brasileiro. É do Nordeste, sim, mas é um dos principais festivais de rock independente do Brasil. Já em sua quinta edição, começou dia 1º de novembro e segue em mais dois nesta semana, 12 e 13 de novembro. Na primeira leva passaram por lá, entre outros, The Donnas dos Estados Unidos. Um dos melhores de punk-rock feminino, o grupo trouxe direto da Califórnia seu novo disco "Bitchin". As garotas também estiveram/estarão em São Paulo, Santos e Porto Alegre. A programação também contou com Black Drawing Chalks (GO), Forgotten Boys (SP), AMP (PE), MQN (GO), Macaco Bong (MT), The Sinks (RN), BarbieKill (RN), Camarones Orquestra Guitarrística (RN), Star 61 (PB),Rosa de Pedra (RN), Lunares (RN), Fewell (RN) e Rock Rovers (RN) no primeiro dia. No segundo foram: Mukeka di Rato (ES) [N.E: muito bom!! sempre!], Catarro (RN),Torture Squad (SP), Vênus Volts (SP), Expose Your Hate (RN), River Raid (PE), Calistoga (RN), Distro (RN), Brand New Hate (RN), Plastic Noir (CE), AK-47 (RN), Gandhi (RN).
Veja a programação desta semana:
Quarta-Feira - 12.11
Elma (SP)
O Debate (SP)

Quinta-Feira - 13.11
Garfo (CE)
Os Poetas Elétricos (RN)
Edu Gomez (RN)

Pellê, do VENUS VOLTS que tocou no segundo dia, comenta:
"Bom, nós simplesmente adoramos o festival! Foi foda demais! Comparável com o Motomix! Infelizmente, tocamos no segundo dia que era o dia dos caras de preto (o primeiro dia que era mais voltado para a "nossa galera"), mas isso não foi problema, não!Tocamos no palco menor e estava cheio! Uma parte apenas olhando para saber colé, mas uma galera na frente simplesmente pirando!! Tanto que fomos das poucas bandas que voltaram para o bis. Eu já estava descendo a escada quando a produção disse "toca mais uma!!!" fazendo coro com a galera! Foi, simplesmente, de fudê!! Fora a gente (sou suspeito para falar, né...rsrs), para mim, destaque de verdade foram Plastique Noir (Fortaleza) e River Raid (Recife), mais, ainda, a primeira! Sons absolutamente fodásticos!".

Para quem foi e quiser matar a saudade ou não foi e quiser conhecer um pouco mais do evento, a organização está produzindo um DVD especial com os shows do festival.

domingo, 9 de novembro de 2008

Reportagem ou passeio pela "Disney" - Viagem de Alex James a Colômbia

Muito esquisita a reportagem-diário de Alex James (Blur) à Colômbia e que foi exibida hoje no Fantástico. Não sei se foi a edição da BBC ou a do Fantástico + narração/tradução de Zeca Camargo que deixou aquilo tudo com cara de passeio à Disney. Aposto mais na segunda hipótese. Vou tentar ver pela edição oficial para tirar a dúvida e aí voltamos a falar a respeito. Alguém também viu e se sentiu incomodado?

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Chico Anysio ´no rock´n´roll

Márcia Raele
Vai lá Gabi e Lívia... essa é pra vocês!!

Chico Anysio fazia parte do meu imaginário infantil... não por suas comédias na televisão. De alguma forma ele estava presente entre meu vocabulário de cinco anos, e seu nome facilmente virou referência em uma música cantada pela Kim Carnes, Bette Davis Eyes. No refrão que, corretamente, dizia And she'll tease you, She'll unease you, em minha feliz mente virou “Chico Anysio... Ratcísio...”... coisas de criança...OVIBIO... hehehehe. E estar entre letras e canções internacionais, rádios, top 10 da Billboard, Mellody Maker e outros, fizeram de mim uma pessoa bastante propensa a gostar de música. A culpa é dos meus irmãos. Sempre eles, os mais velhos, influenciando os caçulas.

Wikipédia diz:Bette Davis Eyes é o nome de uma canção, cuja versão mais conhecida foi gravada pela cantora Kim Carnes.A canção foi escrita em 1974 por Donna Weiss e Jackie DeShannon. Neste mesmo ano DeShannon gravou a canção que foi incluída no seu álbum New Arrangement. Contudo, seria apenas em 1981 que a canção se tornaria popular, graças à versão de Kim Carnes. "Bette Davis Eyes" passou nove semanas consecutivas no primeiro lugar do Billboard Hot 100, tendo sido vendidas oito milhões de cópias do álbum Mistaken Identity, onde se incluía a canção. A canção foi galardoada com o prémio Grammy para "Canção de Ano".Bette Davis, falecida em 1989, declarou-se fã do tema, tendo agradecido aos compositores por terem feito de si uma parte dos tempos modernos.A música teve, também, alguns momentos de glória na década de 90, com o relançamento do álbum de Kim Carnes Mistaken Identity , em CD, no ano de 1993, e com o lançamento do álbum Bette Davis Eyes, também de Kim Carnes, em 1996.A actriz Gwyneth Paltrow interpretou esta canção no filme de 2000 Duets, tendo sido lançado um single que se tornou um sucesso em algumas partes do mundo.Obtido em "http://pt.wikipedia.org/wiki/Bette_Davis_Eyes"

Ao lado de Kim Carnes, na minha sonata do mickey rolava no início dos 80... MAMA – Genyses Time after Time > Cindy Lauper > Pink Floyd – The Wall > Heart of Glass - Blondie... ah e tbm Superfantástico, do Balão Mágico.


Olhos de Bette Davis (Donna Weiss/Jackie DeShannon)
Seu cabelo é dourado como Harlow, seus lábios uma doce surpresa.Suas mãos nunca estão frias, ela tem os olhos de Bette Davis.Ela vai ligar sua música em você, você não terá de pensar duasvezes.Ela é pura como a neve de Nova York, ela tem os olhos de BetteDavis.
E ela vai provocar você, ela vai te inquietar,Tudo de melhor justamente para te agradar.Ela é precoce, e sabe exatamenteO que é preciso para fazer uma profissional envergonhar-se.Ela tem os suspiros indiferentes de Greta Garbo, Ela tem os olhos de Bette Davis.
Ela te deixará levá-la para casa, isso estimula seu apetite.Ela te colocará no seu trono, ela tem os olhos de Bette Davis.Ela vai te dar um tombo, te rolar como se você fosse dados Até que você fique deprimido, ela tem os olhos de Bette Davis.
Ela te exporá, quando ela te enganar,Espero que você viva com as migalhas que ela te jogar. Ela é feroz e sabe exatamenteO que é preciso para fazer uma profissional envergonhar-se.Todos os rapazes acham que ela é um espião,Ela tem os olhos de Bette Davis.
E ela vai provocar você, ela vai te inquietar,Tudo de melhor justamente para te agradar.Ela é precoce, e sabe exatamenteO que é preciso para criar um rubor profissional.Todos os rapazes acham que ela é um espião,Ela tem os olhos de Bette Davis.

Irmãs da misericórdia novamente no Brasil

Ha! Estou me sentindo com 12 anos de novo... Duran Duran aporta aqui esse mês, REM, Jesus e mais alguns da década mais efervescente do rock´n´roll. Agora acabo de ver também que Sisters of Mercy também estarão de volta... Minha amiga Gabi que tem o link da Rolling Stone no seu blog (agoraeujafalei) me deu o caminho para a magnânima notícia... Sister of Mercy de volta!!!! ha!!!

http://www.rollingstone.com.br/secoes/novas/noticias/3848/

Sisters of Mercy volta ao Brasil
Banda gótica dos anos 80 inclui país em turnê latino-americana que começa em 2009
A banda de rock gótico Sisters of Mercy fará shows no Brasil em 2009 como parte de uma turnê que passará pela América Latina. Datas e locais não estão confirmados, mas estima-se que o grupo passe pelo país entre maio e junho.Será a terceira vez que os britânicos tocam no país, primeiro em 1990, depois em 2006, quando fizeram shows em São Paulo e no Rio de Janeiro.O grupo teve duas encarnações, mas diversos integrantes. A primeira durou até 1993, e lançou os três únicos álbuns de estúdio gravados pela banda. A segunda se reuniu em 1996, e é a formação que segue até hoje. Desde então, nem coletâneas do Sister of Mercy foram lançadas.Sisters of Mercy é também o nome de uma das músicas mais conhecidas do cantor Leonard Cohen.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Celebração

Os dois textos abaixo foram postados lá no meu myspace (www.myspace.com/donezine) em julho, mas reproduzo aqui também...


sábado, julho 26, 2008
Guitar Bands Brasileiras
Acho que estamos em período de comemoração. Lendo a notícia aí de baixo - a do National Indie Hits do Wry - me faz lembrar que há exatos 16 anos (foi de 25 para 26 de julho de 1992) eu assistia a meu primeiro show do Pin Ups, em Santos também.É um momento de saudosismo, sim. Mas talvez mais do que isso, de homenagem a um importante momento da história rock independente do Brasil. Como o Mário, frisou, importante saber os primeiros que vieram e abriram as portas para que hoje possa existir uma cena muito mais organizada e estruturada.Na mesma linha, Vagner Souza (ex-Concept/ Atual Supersad) está reunindo a história desse época. Começou com uma comunidade no orkut chamada Guitar Bands Brasileiras, onde quer reunir o máximo de nomes e músicas gravadas desse período, como por exemplo, Pin Ups, Killing Chainsaw, Cigarretes, Low Dream, Second Come, Mickey Junkies, brincando de deus, Snooze, Pelv..s, entre outras. Como ele defende, "essas são bandas anos luz à frente de tudo que é consumido neste país".Vagner acredita que essas bandas foram injustiçadas na época, exatamente por estarem a frente de seu tempo. Talvez ele tenha razão, pensando até em algumas críticas musicais que saíram na época. Lembro-me perfeitamente de uma publicada na revista Bizz, onde José Emílio Rondeau (como esquecer??) mencionava que Pin Ups e Killing Chaisaw eram cópias de bandas como Jesus and Mary Chain e My Bloody Valentine. É lógico que eram, mas e daí? Não tínhamos nada parecido no Brasil sendo produzido com essas características. Elas mereciam respeito e admiração somente por estarem tocando músicas próprias - diferente da maioria dos grupos de rock existentes na época -, com qualidade e muita coragem de estarem desbravando algo totalmente novo no País. Foram eles que brigavam nas casas de shows para darem espaço às bandas de rock independente. Hoje temos diversos, diversos bares, boates, espaços, seja lá como for, onde a cena rocker predomina, seja por shows, por discotecagens, festivais, ou outros tipos de eventos...
Se o momento é de saudosismo e para celebrar... então celebremos! Eles merecem.
12:44

sábado, julho 26, 2008
Notícias do Wry - National Indie Hits
NATIONAL INDIE HITS (o próximo álbum do Wry) - por Mário
Os últimos dois anos e meio foram uma loucura na vida do Wry. Entre a gravação do álbum Flames in the Head, com Gordon Raphael e Tim Wheeler; a última turnê pelo Brasil; os shows na Inglaterra; a gravação do Whales and Sharks, que colocou o primeiro lançamento oficial do Wry em lojas da Inglaterra, Estados Unidos e Japão; os shows de lançamento desse mesmo CD e ainda as novas gravações de um outro álbum ainda por vir no ano que vem, conseguimos nas horas vagas durante todo esse tempo gravar um disco de covers em homenagem as bandas nacionais que nos influenciaram na segunda metade dos anos 90 até pouco antes de virmos a Inglaterra.
Bandas Nacionais que nos inspiraram a formar o Wry como Low Dream, Killing Chainsaw, Pin Ups, brincando de deus e Pelvs. E bandas que nos influenciaram no decorrer daqueles primeiros anos, até mesmo no começo dos anos 00, como Vellocet, Sonic Disruptor, Snooze, Astromato, Walverdes, MQN, Biggs e Space Rave. Não tivemos tempo suficiente para gravar também outras pérolas do underground como Tods, Red Eyes, Butchers, Blemish entre algumas outras que citarei mais para frente, num texto oficial.
Foram até agora sete anos de Brasil e sete anos de Inglaterra; desde o nosso primeiro show em Santos em junho de 1994, muito coisa legal aconteceu e muitas dessas bandas estavam participando também. A maioria não existe mais. NIH servira como um documento e ainda como fonte para nossos fans conhecerem quem foram os pioneiros de tudo isso, do indie nacional, chegando hoje a bandas como Wry, CSS, Vanguart, Ludovic, entre outras.
Foi ouvindo Precious Love da Low Dream que pintou a idéia de regravar todas essas músicas. Num dia de emoção, eu explodi em alegria quando essa luz brilhou em cima de minha cabeça.Pois bem, esse álbum está gravado, mixado e masterizado. Devemos acertar a data de lançamento muito em breve...

domingo, 19 de outubro de 2008

Come on baby, come with me... touch me i’m sick...


Por Márcia Raele
Eles têm mais de 20 anos de estrada. São irreverentes e estão longe de serem hypes como muitos gostam de serem chamados atualmente. Nem foram quando o auge do estilo de suas músicas estava vivo, mas mesmo assim, é possível dizer que o Mudhoney é um fenômeno do rock. Nasceu do Green River, ao lado de Sound Garden, Pearl Jam e Alice in Chains e, para aqueles que vieram depois deles, como Nirvana, sempre foram considerados o exemplo. Talvez exatamente por não se levarem muito a sério. Talvez por sempre terem sido muito autênticos. O fato é que eles sobreviveram. Completam duas décadas de existência este ano, com o lançamento de mais um disco – The Lucky Ones – e têm ainda o carisma máximo que uma banda de rock deve ter.
Estiveram no Brasil pela quarta vez e aqueles que os viram mais uma vez comentaram: “muiiiiitoooo boooommm”. Eu fui na primeira, em 2001, no Olímpia (SP). O melhor show de rock da minha vida. E olha que já fui em muuiiiitos... Show de rock de verdade, daqueles que você sai feliz da vida falando pra todo mundo “eu sou rockeira!!!!” com os braços em punhos fechados para cima ovacionando o estilo mais gagá e ao mesmo tempo jovem do mundo. Aquele que nunca morre. Como disse Thiago Ney, na Folha de S.Paulo, o show da vida! Quem foi ao primeiro show deles por aqui amou, quem foi ao segundo idem, ao terceiro e quarto idem, too.
Come on baby! Mais 20, 30, 40 vezes e anos...

Flyer da Tour 2001 (presente by Tibix)



E com 28 anos de estrada o REM volta ao Brasil pela segunda vez. A primeira também foi em 2001, mas no Rock in Rio. Embora tenha sido um belo espetáculo de arena o primeiro, este deve ter um lado mais bacana aqui em São Paulo, na Via Funchal. Uma pena os valores – Não, Mr. Stipe, os preços não são acessíveis ao poder aquisitivo do brasileiro. Acho que realmente te enganaram... Mas para aqueles que têm esse poder monetário, aí vai...
Dias 10 e 11 de novembro 22 horas Via Funchal (São Paulo) – www.viafunchal.com.br
Preços:
Pista Vip (em pé): R$ 500,00 (!!!!!)
Pista [n.e: qual seria essa, pista comum, sentada bem longe do palco???]: R$ 200,00
Mezanino: R$ 300,00
Camarote: R$ 500,00

De volta ao rock!

Vamos lá.. continuando o lado bom da vida... o rock and roll!!!

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Continua...

Esse espaço começou com a cobertura do Autorock, mas vai continuar falando de outros rocks, mesmo que não façam parte do Auto. Continuem acompanhando...Beijos e até mais!!

Trilha sonora para perder a cabeça

Entrevista de Daniel E.T. à Márcia Raele (via e-mail)

ET é uma pessoa do bem. Pessoas estranhas ao submundo do rock podem achá-lo esquisito – afinal é um garoto não tão-garoto assim todo tatuado, que canta um tal de roque acelerado e alto, e ainda por cima tem jeito de garoto. Mas quem o conhece sabe que ali só existem boas intenções e idealizações. Seu festival AutoRock é uma delas. Nascido em 2003, em homenagem aos 10 anos de JuntaTribo – festival de rock independente do Brasil pioneiro e um dos maiores até hoje –, o AutoRock sobrevive em grande estilo. Cada ano tem uma novidade – às vezes um show de graça na rua, esse ano shows itinerantes e em lugares bem bacanas. O Autorock reúne um pouco do que ET diz a respeito de sua principal banda, a Muzzarelas – “ser uma trilha sonora para as pessoas perderem a cabeça” [no bom sentido, é lógico]. Em quase 20 anos de história, os Muzzarelas já fizeram a cabeça de muitos jovens e velhinho(a)s, como eu. E apesar de tanto tempo tocando, ainda conseguem manter até hoje a essência punk rock de sempre – “não pulamos nem agitamos tanto quanto antigamente, mas tocamos muito mais rápido e alto que antes”.

Já tiveram alguma proposta para partir para algo mais comercial? Se sim, por que recusaram?
Já fomos a algumas reuniões com alguns caras de gravadoras, e era sempre a mesma conversinha...que as letras teriam que ser em português e que assim atingiríamos um público maior e essa coisa toda. Fomos sondados no começo dos anos 90 por vários selos da época, tipo Banguela, Tinitus, Eldorado e por aí vai... Não me lembro exatamente o motivo de não aceitarmos esse tipo de proposta. Acho que tinha algo a ver com a cascola. Mas foi bom, afinal estamos aqui até hoje, não é? Atualmente até temos algum material composto em português, mas ele soa muito menos comercial/vendavél que o material em inglês.

O que acham do que hoje é chamado de "Emo"?
Para mim aquilo é só um poprock desafinado, chato, mal tocado e muito, mas muito mal intencionado.

Como geralmente você se sente antes de entrar num show? E a hora que acaba?
O sangue sempre ferve na hora H, mesmo fazendo isso há vários anos. É isso que torna a coisa mais interessante, aliado a quatro cervejas em lata ou duas de garrafa. Agora estou meio velho, então minhas costas sempre doem um pouco, mas mesmo assim a sensação que mistura cansaço físico com felicidade é sempre ótima.

São quase 20 anos de banda (17 anos, certo??). É muita história, muitos shows... Tem alguma coisa que vocês ainda não vivenciaram como banda nesse tempo e que gostariam que acontecesse?
Seria bom ganhar um cascalho, fazer uma tour muito doida na Europa e lançar todos os nossos cds em vinil.

Quando vocês começaram a tocar imaginavam que tocariam por tantos anos?
Nós não nos levávamos muito a sério, e particularmente eu achava que não ia durar nem um ano. Até que fizemos nossa primeira gravação. Foi quando eu vi que daquele "mato saía coelho". Tanto que estou aqui até hoje.

As músicas dos Muzzarelas tem algum objetivo?
Sim, ser uma trilha sonora para as pessoas perderem a cabeça.

Qual a diferença de quando vocês começaram a tocar para hoje? Vocês acham que a cena do rock independente em Campinas evoluiu? E no Brasil?
Quando começamos tudo ainda era muito rudimentar, não havia internet e tudo era feito via correio, telefone e no máximo um aparelho de fax do trampo. Só tocava quem era muito apaixonado mesmo, pois tirando a satisfação pessoal e de um pequeno grupo de amigos, ninguém tinha a pretenção de chegar a lugar nenhum, ninguém esperava tocar no rádio, na tv, ganhar fama e fortuna. Hoje tem gente que já começa a tocar, com a cabeça num pseudoestrelato, seja ele no mainstream ou no underground (aí o nome é... HYPE). A logística hoje é muito melhor, mas temos muitas bandas horríveis (e muito parecidas entre si). Parece que sempre tem alguém que descobre a fórmula da mediocridade e um monte de idiotas vai atrás. Por outro lado, sempre tem alguém que se revolta com tanto senso comum e procura fazer um som mais autêntico e inspirado.

Vocês, com certeza, viram muitas bandas "nascerem e morrerem". Vocês se consideram uma banda de sorte? E de sucesso? Por quê?
Vimos bandas subirem como foguetes e descerem feito uma bomba. Várias pessoas brigando por grana ,ego, pó, etc... Temos a sorte de poder fazer nossos discos e músicas sempre do nosso jeito e compartilhar isso com desajustado(a)s de tudo quanto é canto do mundo.

Algum show em especial marcou a história do Muzzarelas?
Quando nós tocamos em Jacutinga ha uns dois anos. Nas bandas anteriores, tinha um público de umas 2 mil pessoas, e só fomos tocar umas 4 da manhã, acho que para uns 20 gatos pingados. O resto do público foi embora e saiu fazendo merda na rua, tipo bebendo, queimando fumo e vandalizando. Na semana seguinte saiu uma notícia que dizia algo tipo...JOVENS SELVAGENS BARBARIZAM A CIDADE EM SHOW DA BANDA MUZZARELAS. Não tocamos para ninguém e ainda ficamos com toda visibilidade do evento... ROQUEROS DE VERDADE.

Como é tocar por tanto tempo e ver diferentes gerações em seus shows? Ainda dá para pular/agitar com a mesma intensidade?
É muito legal ver uns muleques que vão aos shows e que são filhos de gente que conhecemos nos shows dos muzzas... às vezes os pais vão junto e caem no pogo também. O Lirão ía aos shows desde os 13 anos e hoje é nosso baterista. Hoje em dia não pulamos nem agitamos tanto quanto antigamente, mas tocamos muito mais rápido e alto que antes.

Algum projeto em andamento?
O Renatão da Old Dog Vídeo está editando um vídeo da nossa tournê na Argentina, e já estamos compondo uns sons para o próximo disco.

O que quer o rock alternativo?

Por Márcia Raele
A cobertura do Autorock 2008 acaba por aqui. E fica no ar uma questão: qual objetivo das bandas de rock alternativo atualmente? Será que ainda existe alguma paixão em tocar rock ou é apenas um desejo de estrelato, como disse Daniel ET do Muzzarelas e idealizador do festival, “seja ele no mainstream ou no underground (aí o nome é hype)”?
Na palestra sobre rock independente, ET explicou que o objetivo do Autorock é resgatar a tradição de Campinas em festivais de música alternativa, já que aconteceu na cidade um dos primeiros e principais nesse gênero no Brasil, o JuntaTribo. De lá saíram muitas bandas do anonimato, como Raimundos, ou mesmo Planet Hemp. Os festivais nasceram exatamente para dar esse incentivo e visibilidade para bandas que ainda não atingiram certo grau de sucesso. Mas será que esse sucesso é gratuito? Qual a diferença das bandas que estavam começando na época do citado JuntaTribo com algumas de agora que tocaram no Autorock?
O próprio Daniel ET, em entrevista a essa que vos escreve, resume bem uma pequena situação... “Só tocava quem era muito apaixonado mesmo, pois tirando a satisfação pessoal e de um pequeno grupo de amigos, ninguém tinha a pretensão de chegar a lugar nenhum. Ninguém esperava tocar no rádio, na tv, ganhar fama e fortuna. Hoje tem gente que já começa a tocar, com a cabeça num pseudoestrelato”.
Fernando, da banda SuperDrive e No Class, em entrevista ao nosso caro colega Rafael Martins, também se sente um pouco saudosista por ter vivenciado a época onde tudo começou. “Existia um intercâmbio legal entre as bandas. Por carta, a gente mandava dinheiro e recebia as demos. Era diferente, todo mundo ia ao show de todo mundo. Acho estranho hoje – todo muito quer tocar, mas não quer tocar no show do outro. E não era de mesmo gênero. Tocávamos com o pessoal do rock, do reggae, do metal. Sei lá... acho que isso é saudosismo de quem viveu na época”.
Nostalgia à parte, a verdade é que realmente a divulgação era feita entre os amigos e em fanzines, os shows conseguidos da mesma forma, o que dava um caráter muito mais de amizade do que qualquer outro tipo de intenção. Talvez pela inocência da juventude daqueles tempos, é possível – se bem que já existiam alguns velhinhos do rock independente lá no meio –, talvez realmente pela paixão pela música. Se assim for, um salve aos nossos queridos amigos que conseguem manter esse espírito vivo até hoje.
ET você é um deles. Mantém em seus projetos, shows, festivais essa chama acesa de alguma forma (leia entrevista completa com ET abaixo).
É lógico que isso também é uma forma de ganhar a vida, e seria bom que todos pudessem conseguir o mesmo. Mas confesso que me causou certo desconforto ir a uma palestra com título de Rock Independente e ver algumas pessoas ensinando outras a como fazer seu merchandising, sua assessoria de imprensa, a como achar programas de sons na internet. A impressão que tive – e talvez porque quando leio um título palestra sobre rock independente minha expectativa relaciona-se a algo “mais romântico da coisa” – foi como que o mais importante e o que deveria vir primeiro seriam essas questões e não a música em si.
Sou jornalista e assessora de imprensa, trabalho com marketing também, e sei bem o quanto isso é necessário à sobrevivência de qualquer negócio, seja esse uma banda ou não. Porém, no mundo do rock independente, pelo menos há alguns anos, esse nome tinha um certo glamour – aquele de amor pela música e de fazer as coisas acontecerem por esforços próprios, o Do It Yourself. Sempre acreditei nisso e é por isso que esse espaço, e aquilo que já foi um zine impresso, se chama Done. Não que não ache importante sair atrás de imprensa, merchan, etc. Não que ache que as bandas não devam fazer sucesso e ganhar dinheiro com isso. Pelo contrário! Todas deveriam estar muito ricas, pelo simples fato de tocarem música própria, pois, afinal, arte (parodiando aquilo que virou ditado popular) não tem preço. Mas não dá para pensar nesses itens em preferência à qualidade musical ou a estar fazendo aquilo que gosta. Sou saudosista, romântica, o que for, mas gosto de música de qualidade. E receitas nenhuma de marketing fazem sobreviver bandas por muito tempo se não tiverem um pingo de consistência musical (e o inverso também é recíproco). É isso. Leiam abaixo trecho da entrevista de Guy Piccioto (guitarrista do Fugazi) ao zine / site Dissonância já há alguns anos e acima a entrevista do ET para Donezine-Autorock, e pensem nisso.

[Fazendo um break – falando com meu amigo Luizinho esses dias via MSN, ele comentou assim ...“estou em Los Angeles terminando um disco novo. Surgiu uma oportunidade de voltar ao mainstream”. Essa é uma pessoa que no mainstream ou não sempre terá a paixão em tocar (o vi começando a tocar, o vi aperfeiçoando suas habilidades no baixo, o vi preocupado com a qualidade do som quando estava no mainstream)].

Dissonância - O que você acha da indústria musical em seu atual momento? Você acredita que a Internet facilitou a vida de bandas independentes para mostrarem seus trabalhos?
Guy Picciotto - Eu, honestamente, não penso ou me preocupo com a indústria musical de forma alguma... realmente quero que se foda. Eu acredito que a música sempre estará conosco porque ela atinge a alma de maneira tão poderosa e é uma expressão igualmente poderosa – a indústria que se formou em volta apenas pega carona nisso e as atuais condições dela não tem muita importância para mim. Bandas sempre têm a opção de escolher até que ponto querem operar dentro dessa indústria – algumas bandas sentem que é indispensável trabalhar dentro desse sistema. Outras só querem encontrar um espaço para criar com liberdade...tudo depende do que é importante para você. Para o Fugazi, autonomia era importante então nos protegemos e simplesmente fizemos o necessário para nos mantermos livres. A Internet é apenas uma ferramenta – não há dúvida que é uma maneira poderosa de espalhar informação para grandes quantidades de pessoas e que pode ser usada de formas muito legais. Mas a Internet não vai escrever uma canção brilhante para você – ela não vai providenciar a inspiração que determina uma grande afirmação criativa ou um grande movimento social. Essas coisas vêm de outro lugar, um lugar humano. (www.dissonancia.com)

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

O mesmo abandono de sempre > Del-O-Max no Autorock 2008



Texto e Fotos Rafael Martins
Procurei num pequeno dicionário que eu tenho, talvez desde a 5ª série, o significado da palavra clichê. E está definido, entre outras coisas, como: chapa fotográfica negativa, chavão, lugar comum.
Que seja.
Assim lá vai outro clichê: o Del-o-Max jogou em casa com a torcida a favor e não deu uma de seleção brasileira contra os hermanos (péssima essa, eu sei).
Com as projeções emprestadas do Crise, tocaram com o mesmo abandono de sempre. Era possível ver, em seus olhos, a fissura por estarem ali com seus instrumentos, simplesmente pelo prazer de estarem ali com seus instrumentos.
Se a mentalidade da indústria fonográfica do nosso pais possuísse o mínimo de decência, o Del-o-Max seria levado a serio. Afinal, é possível enxergar sem sua música aspectos a serem consideradas em uma banda de rock de “sucesso”.
São inventivos. Não que tenham revolucionado algo ou criado novos parâmetros musicais (mesmo porque, quem faz esse tipo de coisas é a mídia e não músicos), mas se utilizam bem de códigos subentendidos, adquiridos em horas e mais horas na apreciação de boa música de diversas vertentes e estilos. Assim criam uma arte autêntica e efervescente.
E, sim...são carismáticos! E isso coloca de lado qualquer teoria analítica e inútil sobre música.
Voltando ao show.
Como dito acima foi o de sempre. Poeta tocando de forma precisa enquanto morde seu lábio inferior. Struckel dando a impressão de estar prestes a ter um ataque nervoso, conforme começa a tremer. Henrique com uma boina de exército, sua alma de contra-baixista e seus 615 baixos vintage. E Campos e a total falta de controle se seus impulsos.
Enfim, a satisfação de sempre após vê-los.

Grata surpresa | Crise no Autorock 2008





Texto e Fotos Rafael Martins
Quando vi o cartaz do festival e li Crise ao invés de Grease, pensei que fosse apenas uma mudança de nome, como uma forma de assumir as letras em português.
Em seguida estranhei ao saber que o Pedrão (até então vocalista do Grease) não fazia parte desta formação e ainda que a baixista e agora vocalista Harumi havia dito que poderíamos aguardar surpresas, o que foi confirmado pelo guitarrista Rodrigo em entrevista horas antes do show.
A tal surpresa foi a inclusão de um novo integrante, Barata, tocando computador (???). O cara é responsável pelos barulhinhos eletrônicos que preenche as músicas e os intervalos entre elas, permeando o ambiente como se fossem microfonia saído de uma guitarra, e assim hipnotizando o público.
Não consegui ver o que tanto Barata digitava e mexia no mouse, na verdade acho que tinha tudo pré-gravado e apenas apertava o play e o resto do tempo ficava acessando sites pornográficos, como brincou Maurício, guitarrista do Del-o-Max e Radiare.
Crise de fato é uma banda nova, que já nasceu coesa. E convenhamos o Grease foi uma grande banda, mas há tempos não provocava tamanha excitação como ocorreu neste show.
Intercalando músicas novas, alguns “clássicos” da antiga banda e covers certeiras como Stigmata do Ministry e Linguachula, Harumi, Rodrigo, Barata e o batera Feio pareciam bem à vontade com as projeções de filmes que eram exibidas sobre eles. Aliás, Harumi se revelou uma grande frontman, ops....frontwoman...principalmente quando se recusou a tocar Lado de Fora do Grease, deixando que Rodrigo assumisse os vocais e na segundo estrofe tomasse o microfone com propriedade – ainda que em seguida esquecesse a letra.
De fato o cheiro de coisa nova era evidente e isso contaminou quem estava presente, tanto que não queriam deixá-los descer do palco.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Todos os maneirismos do rock n´roll | Rock Rocket no Autorok 2008



Texto e fotos Rafael Martins
A tarefa de fechar a noite do dia 10/08 ficou a cargo do Rock Rocket, que é o tipo de banda que destila todos os maneirismos do rock n´roll - da verborragia cervejeira à gola da jaqueta levantada. Tudo previsível, mas perfeitamente disposto, de tal forma que o som e imagem ornam com tamanha simbiose, que causa uma estranha sensação de nunca ter visto aquilo antes.
Nada remete à revolta ou frustração, apenas diversão. Não há questionamento, causas a serem defendidas ou sentimentos mal resolvidos, apenas diversão...diversão...
Seguindo a máxima: one, two, three, four…tocaram o maior número de músicas no menor espaço de tempo, como se só soubesse fazer isso na vida, porém sem saber quando parar. Tanto que quando acabaram seu repertório e encerraram o show, sem desplugarem os instrumentos, iniciaram a “2º parte da apresentação” encarnando uma banda cover dos Ramones.
Depois de 10 minutos de “hey ho...let´s go”, me dei por satisfeito. Matei uma latinha de Skol e fui embora.

domingo, 24 de agosto de 2008

Momentos de catarse





Texto e fotos Rafael Martins
Os caras são de João Pessoa (Paraíba), mas agora residem na paulicéia desvairada (e isso não parece estar afetando negativamente sua música). Provavelmente passaram a vida toda ouvindo bandas que algum jornalista escreveu afirmando que mudaram aquilo, derrubaram isso ou inovaram naquilo. Enfim, daquelas que o comportamento era decisivo na postura, refletindo no discurso e na sonoridade. E o Zefirina Bomba acreditou em tudo e o pior/melhor faz o mesmo.
No show do Autorock, em 10 de agosto, não sei dizer o que foi mais visceral, se as músicas ou a forma como foram executadas. A certeza é que momentos de catarse foram proporcionados por esses sujeitos.
Pausa para tomar fôlego...
Ilsom larga seu violão aos pedaços com um captador tosco pelo chão e pisa em todos os pedais provocando uma microfonia dos diabos deixando todos com sorriso de orelha a orelha. O batera Guga, um blackpower com pinta de modelo da Forum, soca suas baquetas contra os tons e caixa e pratos com a maestria de um baterista de jazz louco de anfetamina. Martim, o baixista, parece alienado a tudo, como se estivesse em transe sem noção alguma do que estava ocorrendo. E mais...do nada, Beso, do Alcoóis (de Campinas mesmo), faz suas (já habituais) visitas aos palcos alheios e recita um poema de não sei quem...e mais...mais...Ilsom, novamente, não satisfeito com toda a zoeira sobe nos amplificadores e se pendura na enferrujada estrutura da velha estação de trem...e mais...mais...e mais...(pra quem ainda não havia gozado) ele volta e pula sobre o violão como uma criança enfurecida...e tudo isso ao som de Interstellar Overdrive, da fase lisérgica do Pink Floyd com Syd Barrett.

Dane-se, eu quero zoar!






Texto e fotos Rafael Martins
Já passamos daquela fase de nos surpreender com mulheres em bandas levantando uma bandeira. Mesmo que todos esses assuntos ideológicos sejam pedantes, elas ainda estão num processo de afirmação e nós (homens) de aceitação e adequação, isso em todos os setores da sociedade.
O Autorock foi um atestado disto, com várias bandas com meninas, e por Deus nenhuma armada com frases feministas prontas. Pelo menos no caso das Lunettes estão mais para: “dane-se, eu quero zoar!”. Elas não parecem ser do tipo que se oferece flores, mas sim uma cerva.
E o show foi justamente isso: farra, bagunça. Walquíria deu gargalhada, dançou com uma menininha que apareceu no palco, cuspiu água no povo, inflou o ego dos punks de plantão lhes oferecendo uma singela canção. Juliana New Wave, agora como tecladista se mostrou em momentos oportunos. Enquanto Giovana dançou de um lado pro outro lentamente quase fora do ritmo da música com um sorrizinho ordinário do tipo: “te peguei!”.
(Desculpem-me Renan e Claudio, mas quando há mulheres no placo fica difícil chamar mais atenção que elas).

Pose é comigo mesmo! | Vilolentures no Autorock 2008



Texto e fotos Rafael Martins
“Cara, o que a gente vai fazer aí agora? Vocês acabaram com tudo...”, disse Carlão, o baixista do Violentures, ao "El" Lord Ötto Von Ürban, do Drakula, enquanto este enfiava sua guitarra no case.
De fato ambas as bandas têm a mesma proposta, mas não significa que sejam iguais. O Violentures, por exemplo, faz um surf music mais próximo ao tradicional. Em comum mesmo é que as duas quase arrebentaram o assoalho sobre o qual se apresentaram conforme socavam seus pés nele.
E definitivamente a pergunta/afirmação feita pelo Carlão não teve nenhum propósito, afinal o que foi aquilo? Julgando apenas por ele...o cara não pára um minuto – impossível focá-lo com uma câmera simples. Talvez no final do show, quando já estivesse encharcado em suor, ofegante e necessitasse de alguns segundos para se refazer, uma seqüência de fotos boas fossem registradas. Como ele mesmo disse instantes antes de pisar no palco: “pose é comigo mesmo!” (sic).
Rock n´roll!!!
(ponto)
Não há mais o que escrever.

sábado, 23 de agosto de 2008

Surf music de pegada punk rock do inferno | Show Drakula no Autorock 2008



Texto e fotos Rafael Martins
É fato, o povo queria barulho e isso começou com o quarteto mascarado (na verdade três) do Drakula. De cara já foram quebrando tudo, uma, duas, três, quatro...perdi a conta de quantas músicas foram num fôlego só. O cheiro de enxofre era forte.
Mas não eram apenas as músicas que eram literalmente detonadas, umas atrás das outras. O quarteto mascarado (na verdade três) não parava, e de certa forma criaram uma coreografia: enquanto o guitarrista "El" Lord Ötto Von Ürban dava passinhos para trás, Drakulo, também guitarrista, do outro lado do palco dava seus passinhos para frente, e por sua vez o baixista Don Wlado Gutierrez ficava livre ao centro para fazer o que bem entendesse, já o baterista Lobisomem... bem eu não vi a cara do baterista (embora fosse o único que não usasse máscara). Apenas enxerguei suas mãos agarradas cada uma numa baqueta e espancando tudo que via pela frente, meio que de uma forma desconexa, mas de certo quem estava errado era eu que já não conseguia sincronizar os movimentos com os sons que eram desconjurados através dos auto-falantes.
Uma cena, talvez, atípica para uma banda que produza surf music de pegada punk rock do inferno, seja um garotinho sentado serenamente ao lado de um amplificador de olhos enormes como se fossem faróis, captando imagens como, por exemplo, um ser do quarteto mascarado (na verdade três) de converse no pé tocando teremim. E mais... de trás desse verdadeiro anjinho saía uma fumaça vinda de alguma tumba do Cemitério da Saudade [n.e.: cemitério em Campinas] (não...não era a máquina de fumaça, por favor não insista), trazendo a noite com luzes vermelhas, azuis, verdes, amarelas, toda a droga do arco-íris, refletindo por todos os cantos.
Acho que alguns conseguiram se safar e ver as outras bandas da noite.

Música cerebral e adulta | Show Radiare no Autorock 2008



Texto e fotos Rafael Martins
Ainda com pessoas sedentas por barulho, o Radiare iniciou seu show com muita melodia, o que definitivamente agradou aqueles que já passaram dos 20. Afinal se tratava de uma música cerebral e adulta, feito para adultos.
A banda foi privilegiada com o cenário mais belo do festival. Logo atrás do palco o sol se punha solenemente abrilhantando o clima bucólico, com casais abraçados e crianças correndo, contrastando com os jogos de sombras proporcionado pela estrutura da antiga estação da Fepasa.
O público acanhado manteve certa distância, ainda que fosse perceptível a aprovação dos que estavam vendo e ouvindo, já que em todos os cantos era possível enxergar alguém que marcasse o tempo da música com os pés ou dançasse levemente com a
cabeça.
Novamente, não conseguindo fugir do clichê de fazer conexões fáceis com o passado... não há como deixar de citar o Astromato, já que a banda possui dois ex-integrantes: o vocalista e guitarrista Frebs e o baterista Paulo Magalhães. Mas tal conexão se refere ao fato de surgir a mesma pergunta que rondava a antiga banda: por que esses caras não estão tocando na rádio?

Show para um auditório | Instiga no Autorock 2008



Texto e fotos Rafael Martins
Logo após a palestra que ocorreu em 9 de agosto, no auditório da Livraria Cultura, sobre rock independente, o Instiga apresentou algumas músicas que estarão no seu 3º álbum (Tenho Uma Banda), além de algumas dos dois primeiros (Máquina Milenar de 2005 e Menino Canta Menina de 2007) para uma platéia atenta.
Esse sim foi um show adequado para um auditório [n.e.: veja o porque deste comentário na resenha sobre show do Benedita], afinal o som do Instiga é digno de contemplação. Os instrumentos são tocados de forma cuidadosa e leve. E justamente por isso era possível se atentar nos arranjos que Pedro Leite compôs para sua bateria, que se completam com as linhas de baixo de Gabriel, assim como a guitarra de Christian que recorre pouco a distorção.
A banda estava solta e feliz por estar ali e isto transparecia nas piadas internas e na comunicação com o público, que respondia com risos e comentários. Como ocorreu quando Christian pediu para a banda recomeçar uma música, alegando que havia iniciado no tom errado. Os outros dois integrantes apenas pararam, com um ponto de interrogação estampado em suas faces e recomeçaram. No final da canção, Gabriel acrescentou que só o vocalista achou que estavam errados, os outros não. Todos dão risadas e se divertem, entendendo que aquilo fazia parte do show.
Infelizmente a cumplicidade de banda e público não ocorreu no dia seguinte na Estação Cultura. O Instiga abriu a tarde de shows, tocando para poucas pessoas. Pelo local ser aberto toda a sutileza do som se perdeu e esta é justamente a principal qualidade da banda.
Ainda que eles não privilegiem o peso e agitação, talvez seja interessante considerarem a voltar a utilizar duas guitarras ou um teclado, para que os arranjos sejam percebidos, mesmo em ambientes maiores. Assim fazendo com que todos voltem a atenção para os detalhes de suas composições.

sábado, 16 de agosto de 2008

Venus Volts | Entrevista + Resenha show Autorock 2008

Fotos Rafael Martins


O Venus Volts é uma banda que sabe onde quer chegar. Inglaterra é um de seus destinos e sua marca por aqui já toma forma e possibilidades de levantar esse vôo. Com participação e presença confirmada nos principais festivais de rock do país, incluindo o Motomix, promovido pela Motorola, Venus Volts aportou no AutoRock, em sua cidade natal, Campinas, mostrando sua nova energia sonora, envolta pelo vocal feminino de Trinity que derruba qualquer pretendente a rockstar.
Quem perdeu o Venus Volts no Autorock pode ainda tentar acompanhar a banda pelo Festival do Sol, em Natal, um dos maiores festivais de música independente da atualidade, ou no Barbarella, festival promovido em Goiânia a bandas de vocal feminino.Antes do show, Trinity (vocal) e Pellê (vocal e guitarra) conversaram gentilmente com Rafael Martins para um bate-papo/entrevista, onde comentaram as novas influências e os próximos rumos que a banda deve seguir.
Com vocês... Venus Volts!

Done: Primeiro eu queria saber o que é que mudou da época do Fluid em relação a agora com o Venus Volts, além do vocal, claro...
Trinity: A gente nem cita mais Fluid, porque praticamente é uma nova banda. Não em sonoridade, mas com um conceito novo de banda. Mas a principal mudança mesmo está no vocal feminino. Na parte instrumental, de composições, é estarmos mais abertos a novas idéias, abordagens novas de músicas. A gente está com a idéia de por elementos eletrônicos também mas dentro da linha que a gente já faz...

Done: E por que essa mudança?
Pellê: Porque ela me intimou (risos). Eu estava lá tranqüilo e ela entrou no meu Myspace e disse que ia cantar com a gente. Aí rolou uma mudança natural, ela trouxe novas influências, bandas com vocais femininos, algo de anos 80, e também estamos ouvindo bastante coisas mais atuais, como Bloc Party.
Trinity: A questão do eletrônico também veio por isso, porque eu já escutava e tinha umas influências dos anos 80..Pellê: É, mas sem exagero nessa coisa de eletrônico. São coisas pequenas.

Done: Vocês já estão preparando algum material com essa nova sonoridade?
Pellê: Sim, temos algumas músicas novas, sem ainda o eletrônico, mas estamos preparando. Dependendo de como for acontecendo a gente vê se lança um CD novo. Ou dependendo de como forem acontecendo os contatos, ver se realmente a gente solta "o primeiro disco", já com essa nova linha.

Done: Já tem algum contato?
Pellê: Por causa do Motomix, a gente teve muitos contatos. Não falo que abriram portas, porque ainda não estamos dentro de nenhuma delas.

Done: Falando nisso, vocês têm um certo hype, apesar de não estarem dentro do grande hype da música independente. A que vocês atribuem esse "sucesso"? Vocês têm feito algum trabalho forte de divulgação? Myspace?
Pellê: Ah! Eu converso com muita gente há muito tempo por internet, e essa mudança da banda chamou um pouco mais de atenção. O Motomix também chamou atenção... e as coisas estão rolando... festival em Natal, e acho que isso é fruto da nova banda.
Trinity: Em termos de Myspace a gente deu um upgrade na página, mas isso é o mínimo para que a banda seja bem divulgada e tenha uma imagem legal. Mas divulgação pesada que tenha dado retorno para a banda na realidade não existiu. Na verdade é mais pelos shows e pela nova proposta.
Pellê: Teve nossa participação na Trama que também ajudou bastante com o programa e exposição da banda no Youtube com o "12 horas no estúdio"... Virou hype, mais de 56 mil acessos.

Done: Os contatos que vocês estão fazendo são só no Brasil ou fora também?
Pellê: Por enquanto só no Brasil. A intenção é que aconteça algo fora também, principalmente fora. Mas por enquanto, só no Brasil.

Done: Vocês pretendem mudar para fora do país?
Pellê: Por que não?

Done: Pra qual lugar?
Pellê: Inglaterra, porque é mais a nossa cara. Se tiver alguma oportunidade de ir pra lá, mesmo que não seja pra morar, mas só pra tocar, vou amanhã!

Done: Como vocês se sentem antes dos shows?
Trinity: Antes me dava dor de barriga, mas depois do Motomix passoou.
Pellê: Antigamente eu ficava sem vontade de tocar, de mau humor. Agora não. A gente ensaia muito e a banda está muito segura. E agora quando estamos em cima do palco, a gente fala "É a Hora!".
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Prontos pra estourar
Rafael Martins

Não é difícil de ficar extasiado após ver o Venus Volts sobre um palco, principalmente pela performance da vocalista Trinity, discípula direta de Siouxie Sioux.
Porém, o que impressiona mesmo é a qualidade das músicas, com arranjos simples, mas trabalhados. Se encaixam bem na sonoridade do início do milênio com suas influências do pós-punk inglês dos anos 80 e pegada típica de bandas norte-americanas. Se aqui houvesse um mercado fonográfico inteligente, eu diria que estão prontos pra estourar.
O carisma de Trinity também remete à PJ Harvey, por ambas serem mulheres de estatura pequena e que ficam gigantes quando se expressam. Entenda, a banda, como um todo, mal cabe no palco, tamanho é o fluxo de energia produzido. O baterista Du literalmente socando seu kit, o baixista Dinho que com sua timidez dá a impressão de aparecer e desaparecer a todo instante de cena e a segurança do guitarrista Pellê nos faz lembrar um maestro. É nítida a plena consciência de cada um, o seu papel.
Mas as atenções sem dúvida são roubadas pela vocalista, que apesar das referências citadas é autêntica, de personalidade marcante. Tudo nela é digno de nota, dos olhos pintados às polainas, e as cerejas tatuadas no braço. Quando está interpretando uma canção e se posiciona em frente do palco e se inclina para o público encarando-os de forma incisiva, chega a ser intimidadora. Mas ao fim de uma música se despe ao ponto de sorrir delicadamente ao sentir que atingiu cada uma das pessoas que observara, a instantes, cada um dos seus movimentos.
O público esteve ali o tempo todo à mercê, com seus sentidos sendo levados de acordo com a intensidade dos sons que ecoavam entre a fumaça de cigarros e as paredes vermelhas do Bar do Zé. Show irretocável!








sexta-feira, 15 de agosto de 2008

SuperDrive | A banda vai acabar? | Entrevista + Show Autorock 2008



Quem acompanha a cena do rock independente de Campinas, sabe que o SuperDrive na figura de André Biaggio é uma banda, no mínimo, persistente. Com várias formações, vários nomes, e sempre com o fantasma “a banda vai acabar” rondando, o atual SuperDrive vem de uma evolução de extintos grupos, como Fuzzy Brains, Slow Down e RainDrops. Rafael Martins entrevistou o grupo, com sua nova formação, antes de entrarem no palco para abrirem o Autorock do dia 8 de agosto, no Bar do Zé. Já para adiantar... a banda não vai acabar.

Done: Então, vamos começar? Pode começar? Então... a banda vai acabar? rss Como a banda está hoje?
André: a gente está participando do festival pela segunda vez... está legal, estamos com uma nova formação. Eu na guitarra e vocal, o Japa/Alexandre no baixo e vocal, Fernando [ex-No Class] na guitarra e vocal e Mantovani, na bateria.

Done: Fala um pouco dessa evolução, desde a época do Fuzzy Brains, Slow Down, RainDrops e agora SuperDrive...
André: Acho que o grande problema dos outros foi que as formações duraram pouco. Agora, não. Estamos quase dois anos juntos. Antes saía e entrava gente, mudava o nome e falávamos ‘vamos tentar suprir a pessoa que está faltando mudando um pouco o estilo’. Agora, não! O grupo está mais coeso, todo mundo está contribuindo...

Done: E por que de tantas mudanças?
André: Ah, vários motivos! Incompatibilidade de gênios e idéias; no caso do Armando [Turtelli] no Super Drive, ele mudou para outro estado, o Shimu não quis continuar sem o Armando, o Véio [ex-Concretness] não agüentava mais tocar e não ganhar dinheiro – falou ‘já passou minha época’. O Véio resolveu sair quando fizemos um show em Americana com o Dead Fish e a gente não ganhou nada, nem água. Era a Festa Privada... eles sempre chamam uma banda de nome e outras cinco/seis menores. Mas paga a famosa e as outras não. Realmente é complicado.

Done: Vocês consideram que Campinas tem uma cena de rock alternativo?
André: Tem, mas pequena.
Japonês: É mais uma cena de amigos e ainda tem muita banda cover. Não tem bares duradouros. Tem o Bar do Zé, o Woodstock, a prefeitura com a Estação Cultura e alguns jornais que estão ajudando muito as bandas... as oportunidades estão crescendo. Estamos com novas perspectivas... fazendo contato com um pessoal dos Estados Unidos pra participar de uma coletânea... cena existe... ainda está pequenina, mas existe. Acho que tem que melhorar e se todos fizessem como o que está acontecendo hoje, o Autorock...seria bacana. É importante trabalhar para que isso não acabe como aconteceu antigamente.

Done: Explica um pouco mais sobre esse contato dos Estados Unidos.
Japonês: Esse é um contato que o André já tinha faz tempo com o produtor americano, Jack Mellin e John Mellin, e eles estão dando um grande apoio pra nós, estão divulgando bastante a gente nos Estados Unidos.

Done: Já existiu ou pode existir oportunidade de tocar por lá com essa coletânea? Japonês: Sim, existiu, mas com todo custo saindo do nosso bolso e não tínhamos como bancar quatro caras para tocar em Nova York. Mas se rolar um produtor interessado em nos bancar...

Done: Aqui vocês têm perspectiva de viver de música?
Japonês: Hehehehe...No Brasil? Não acredito. Gostaria muito, aliás todos nós.

Done: Por que a opção de cantar em inglês? A pergunta chata... hehehe...
André: É mais fácil de escrever, a sonoridade combina mais com a melodia das músicas e abre um pouco mais de contatos, com internet, principalmente... se fosse em português seria visto como algo exótico.

Done: Com a internet, qual diferença vocês vêm com a divulgação da banda?
André: Total! É muito mais rápido... é só passar um link no Myspace e o cara vai lá e ouve. E você tem retorno também do público muito mais rápido.

Done: E como tem sido esse retorno?
André: Com a entrada do Fernando, do Japa e do Mantovani começou a ampliar mais ainda. Acho que é porque deu uma evoluída, está mais rock´n´roll. Até umas pessoas que eu achava que já gostavam do SuperDrive, chegaram e falaram “agora, está legal”. Então quer dizer que antes estava uma merda? Risos...

Done: Me conta como vocês se sentem antes de entrar no palco...
André: Ah! Eu fico nervoso. Não com medo de tocar, mas com medo de que algo possa dar errado... rsss.

Done: E quando já estão no palco?
André: Depois que dá a primeira palhetada, tudo passa.
Japonês: É quando começa a minha festa.
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Uma banda de verdade
Rafael Martins
Há tempos André Biaggio vem tocando seu bubblegunpowerpop sobre desilusões amorosas (desculpem não ter resistido ao cliclê) e para isto já utilizou vários nomes: de Fuzzy Brain à Raindrops e hoje Superdrive. Mas desde a formação que contava com Armando Turtelli na guitarra (ex-Astromato e hoje no Artigo Blue) não sustentava uma formação tão solida. O show não foi pesado, mas agitado o suficiente para suar a camisa e fazer aquele sinal com a cabeça: “tipo, é isso aí!!!” e deixar escapar um sorriso pela canto da boca. A cozinha formada pelo baterista Mantovani e o baixista Alexandre davam a medida certa de peso. Enquanto o guitarrista Fernando (também do Drakula e ex-No Class) tampava todos os buracos que a simplicidade das músicas possa sugerir. Deixando André livre com sua voz frágil e melancólica, que estava mais pra desleixada, mas ainda sim melancólica. Hoje, o Superdrive não parece o André e sua banda, mas sim uma banda verdadeiramente. É possível enxergar que cada música tem um pouco da cada um e isto fez a noite fluir fácil deixando o publico bem perto do palco.



Fotos Rafael Martins