sexta-feira, 15 de agosto de 2008

SuperDrive | A banda vai acabar? | Entrevista + Show Autorock 2008



Quem acompanha a cena do rock independente de Campinas, sabe que o SuperDrive na figura de André Biaggio é uma banda, no mínimo, persistente. Com várias formações, vários nomes, e sempre com o fantasma “a banda vai acabar” rondando, o atual SuperDrive vem de uma evolução de extintos grupos, como Fuzzy Brains, Slow Down e RainDrops. Rafael Martins entrevistou o grupo, com sua nova formação, antes de entrarem no palco para abrirem o Autorock do dia 8 de agosto, no Bar do Zé. Já para adiantar... a banda não vai acabar.

Done: Então, vamos começar? Pode começar? Então... a banda vai acabar? rss Como a banda está hoje?
André: a gente está participando do festival pela segunda vez... está legal, estamos com uma nova formação. Eu na guitarra e vocal, o Japa/Alexandre no baixo e vocal, Fernando [ex-No Class] na guitarra e vocal e Mantovani, na bateria.

Done: Fala um pouco dessa evolução, desde a época do Fuzzy Brains, Slow Down, RainDrops e agora SuperDrive...
André: Acho que o grande problema dos outros foi que as formações duraram pouco. Agora, não. Estamos quase dois anos juntos. Antes saía e entrava gente, mudava o nome e falávamos ‘vamos tentar suprir a pessoa que está faltando mudando um pouco o estilo’. Agora, não! O grupo está mais coeso, todo mundo está contribuindo...

Done: E por que de tantas mudanças?
André: Ah, vários motivos! Incompatibilidade de gênios e idéias; no caso do Armando [Turtelli] no Super Drive, ele mudou para outro estado, o Shimu não quis continuar sem o Armando, o Véio [ex-Concretness] não agüentava mais tocar e não ganhar dinheiro – falou ‘já passou minha época’. O Véio resolveu sair quando fizemos um show em Americana com o Dead Fish e a gente não ganhou nada, nem água. Era a Festa Privada... eles sempre chamam uma banda de nome e outras cinco/seis menores. Mas paga a famosa e as outras não. Realmente é complicado.

Done: Vocês consideram que Campinas tem uma cena de rock alternativo?
André: Tem, mas pequena.
Japonês: É mais uma cena de amigos e ainda tem muita banda cover. Não tem bares duradouros. Tem o Bar do Zé, o Woodstock, a prefeitura com a Estação Cultura e alguns jornais que estão ajudando muito as bandas... as oportunidades estão crescendo. Estamos com novas perspectivas... fazendo contato com um pessoal dos Estados Unidos pra participar de uma coletânea... cena existe... ainda está pequenina, mas existe. Acho que tem que melhorar e se todos fizessem como o que está acontecendo hoje, o Autorock...seria bacana. É importante trabalhar para que isso não acabe como aconteceu antigamente.

Done: Explica um pouco mais sobre esse contato dos Estados Unidos.
Japonês: Esse é um contato que o André já tinha faz tempo com o produtor americano, Jack Mellin e John Mellin, e eles estão dando um grande apoio pra nós, estão divulgando bastante a gente nos Estados Unidos.

Done: Já existiu ou pode existir oportunidade de tocar por lá com essa coletânea? Japonês: Sim, existiu, mas com todo custo saindo do nosso bolso e não tínhamos como bancar quatro caras para tocar em Nova York. Mas se rolar um produtor interessado em nos bancar...

Done: Aqui vocês têm perspectiva de viver de música?
Japonês: Hehehehe...No Brasil? Não acredito. Gostaria muito, aliás todos nós.

Done: Por que a opção de cantar em inglês? A pergunta chata... hehehe...
André: É mais fácil de escrever, a sonoridade combina mais com a melodia das músicas e abre um pouco mais de contatos, com internet, principalmente... se fosse em português seria visto como algo exótico.

Done: Com a internet, qual diferença vocês vêm com a divulgação da banda?
André: Total! É muito mais rápido... é só passar um link no Myspace e o cara vai lá e ouve. E você tem retorno também do público muito mais rápido.

Done: E como tem sido esse retorno?
André: Com a entrada do Fernando, do Japa e do Mantovani começou a ampliar mais ainda. Acho que é porque deu uma evoluída, está mais rock´n´roll. Até umas pessoas que eu achava que já gostavam do SuperDrive, chegaram e falaram “agora, está legal”. Então quer dizer que antes estava uma merda? Risos...

Done: Me conta como vocês se sentem antes de entrar no palco...
André: Ah! Eu fico nervoso. Não com medo de tocar, mas com medo de que algo possa dar errado... rsss.

Done: E quando já estão no palco?
André: Depois que dá a primeira palhetada, tudo passa.
Japonês: É quando começa a minha festa.
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Uma banda de verdade
Rafael Martins
Há tempos André Biaggio vem tocando seu bubblegunpowerpop sobre desilusões amorosas (desculpem não ter resistido ao cliclê) e para isto já utilizou vários nomes: de Fuzzy Brain à Raindrops e hoje Superdrive. Mas desde a formação que contava com Armando Turtelli na guitarra (ex-Astromato e hoje no Artigo Blue) não sustentava uma formação tão solida. O show não foi pesado, mas agitado o suficiente para suar a camisa e fazer aquele sinal com a cabeça: “tipo, é isso aí!!!” e deixar escapar um sorriso pela canto da boca. A cozinha formada pelo baterista Mantovani e o baixista Alexandre davam a medida certa de peso. Enquanto o guitarrista Fernando (também do Drakula e ex-No Class) tampava todos os buracos que a simplicidade das músicas possa sugerir. Deixando André livre com sua voz frágil e melancólica, que estava mais pra desleixada, mas ainda sim melancólica. Hoje, o Superdrive não parece o André e sua banda, mas sim uma banda verdadeiramente. É possível enxergar que cada música tem um pouco da cada um e isto fez a noite fluir fácil deixando o publico bem perto do palco.



Fotos Rafael Martins

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