domingo, 24 de agosto de 2008

Momentos de catarse





Texto e fotos Rafael Martins
Os caras são de João Pessoa (Paraíba), mas agora residem na paulicéia desvairada (e isso não parece estar afetando negativamente sua música). Provavelmente passaram a vida toda ouvindo bandas que algum jornalista escreveu afirmando que mudaram aquilo, derrubaram isso ou inovaram naquilo. Enfim, daquelas que o comportamento era decisivo na postura, refletindo no discurso e na sonoridade. E o Zefirina Bomba acreditou em tudo e o pior/melhor faz o mesmo.
No show do Autorock, em 10 de agosto, não sei dizer o que foi mais visceral, se as músicas ou a forma como foram executadas. A certeza é que momentos de catarse foram proporcionados por esses sujeitos.
Pausa para tomar fôlego...
Ilsom larga seu violão aos pedaços com um captador tosco pelo chão e pisa em todos os pedais provocando uma microfonia dos diabos deixando todos com sorriso de orelha a orelha. O batera Guga, um blackpower com pinta de modelo da Forum, soca suas baquetas contra os tons e caixa e pratos com a maestria de um baterista de jazz louco de anfetamina. Martim, o baixista, parece alienado a tudo, como se estivesse em transe sem noção alguma do que estava ocorrendo. E mais...do nada, Beso, do Alcoóis (de Campinas mesmo), faz suas (já habituais) visitas aos palcos alheios e recita um poema de não sei quem...e mais...mais...Ilsom, novamente, não satisfeito com toda a zoeira sobe nos amplificadores e se pendura na enferrujada estrutura da velha estação de trem...e mais...mais...e mais...(pra quem ainda não havia gozado) ele volta e pula sobre o violão como uma criança enfurecida...e tudo isso ao som de Interstellar Overdrive, da fase lisérgica do Pink Floyd com Syd Barrett.

Dane-se, eu quero zoar!






Texto e fotos Rafael Martins
Já passamos daquela fase de nos surpreender com mulheres em bandas levantando uma bandeira. Mesmo que todos esses assuntos ideológicos sejam pedantes, elas ainda estão num processo de afirmação e nós (homens) de aceitação e adequação, isso em todos os setores da sociedade.
O Autorock foi um atestado disto, com várias bandas com meninas, e por Deus nenhuma armada com frases feministas prontas. Pelo menos no caso das Lunettes estão mais para: “dane-se, eu quero zoar!”. Elas não parecem ser do tipo que se oferece flores, mas sim uma cerva.
E o show foi justamente isso: farra, bagunça. Walquíria deu gargalhada, dançou com uma menininha que apareceu no palco, cuspiu água no povo, inflou o ego dos punks de plantão lhes oferecendo uma singela canção. Juliana New Wave, agora como tecladista se mostrou em momentos oportunos. Enquanto Giovana dançou de um lado pro outro lentamente quase fora do ritmo da música com um sorrizinho ordinário do tipo: “te peguei!”.
(Desculpem-me Renan e Claudio, mas quando há mulheres no placo fica difícil chamar mais atenção que elas).

Pose é comigo mesmo! | Vilolentures no Autorock 2008



Texto e fotos Rafael Martins
“Cara, o que a gente vai fazer aí agora? Vocês acabaram com tudo...”, disse Carlão, o baixista do Violentures, ao "El" Lord Ötto Von Ürban, do Drakula, enquanto este enfiava sua guitarra no case.
De fato ambas as bandas têm a mesma proposta, mas não significa que sejam iguais. O Violentures, por exemplo, faz um surf music mais próximo ao tradicional. Em comum mesmo é que as duas quase arrebentaram o assoalho sobre o qual se apresentaram conforme socavam seus pés nele.
E definitivamente a pergunta/afirmação feita pelo Carlão não teve nenhum propósito, afinal o que foi aquilo? Julgando apenas por ele...o cara não pára um minuto – impossível focá-lo com uma câmera simples. Talvez no final do show, quando já estivesse encharcado em suor, ofegante e necessitasse de alguns segundos para se refazer, uma seqüência de fotos boas fossem registradas. Como ele mesmo disse instantes antes de pisar no palco: “pose é comigo mesmo!” (sic).
Rock n´roll!!!
(ponto)
Não há mais o que escrever.

sábado, 23 de agosto de 2008

Surf music de pegada punk rock do inferno | Show Drakula no Autorock 2008



Texto e fotos Rafael Martins
É fato, o povo queria barulho e isso começou com o quarteto mascarado (na verdade três) do Drakula. De cara já foram quebrando tudo, uma, duas, três, quatro...perdi a conta de quantas músicas foram num fôlego só. O cheiro de enxofre era forte.
Mas não eram apenas as músicas que eram literalmente detonadas, umas atrás das outras. O quarteto mascarado (na verdade três) não parava, e de certa forma criaram uma coreografia: enquanto o guitarrista "El" Lord Ötto Von Ürban dava passinhos para trás, Drakulo, também guitarrista, do outro lado do palco dava seus passinhos para frente, e por sua vez o baixista Don Wlado Gutierrez ficava livre ao centro para fazer o que bem entendesse, já o baterista Lobisomem... bem eu não vi a cara do baterista (embora fosse o único que não usasse máscara). Apenas enxerguei suas mãos agarradas cada uma numa baqueta e espancando tudo que via pela frente, meio que de uma forma desconexa, mas de certo quem estava errado era eu que já não conseguia sincronizar os movimentos com os sons que eram desconjurados através dos auto-falantes.
Uma cena, talvez, atípica para uma banda que produza surf music de pegada punk rock do inferno, seja um garotinho sentado serenamente ao lado de um amplificador de olhos enormes como se fossem faróis, captando imagens como, por exemplo, um ser do quarteto mascarado (na verdade três) de converse no pé tocando teremim. E mais... de trás desse verdadeiro anjinho saía uma fumaça vinda de alguma tumba do Cemitério da Saudade [n.e.: cemitério em Campinas] (não...não era a máquina de fumaça, por favor não insista), trazendo a noite com luzes vermelhas, azuis, verdes, amarelas, toda a droga do arco-íris, refletindo por todos os cantos.
Acho que alguns conseguiram se safar e ver as outras bandas da noite.

Música cerebral e adulta | Show Radiare no Autorock 2008



Texto e fotos Rafael Martins
Ainda com pessoas sedentas por barulho, o Radiare iniciou seu show com muita melodia, o que definitivamente agradou aqueles que já passaram dos 20. Afinal se tratava de uma música cerebral e adulta, feito para adultos.
A banda foi privilegiada com o cenário mais belo do festival. Logo atrás do palco o sol se punha solenemente abrilhantando o clima bucólico, com casais abraçados e crianças correndo, contrastando com os jogos de sombras proporcionado pela estrutura da antiga estação da Fepasa.
O público acanhado manteve certa distância, ainda que fosse perceptível a aprovação dos que estavam vendo e ouvindo, já que em todos os cantos era possível enxergar alguém que marcasse o tempo da música com os pés ou dançasse levemente com a
cabeça.
Novamente, não conseguindo fugir do clichê de fazer conexões fáceis com o passado... não há como deixar de citar o Astromato, já que a banda possui dois ex-integrantes: o vocalista e guitarrista Frebs e o baterista Paulo Magalhães. Mas tal conexão se refere ao fato de surgir a mesma pergunta que rondava a antiga banda: por que esses caras não estão tocando na rádio?

Show para um auditório | Instiga no Autorock 2008



Texto e fotos Rafael Martins
Logo após a palestra que ocorreu em 9 de agosto, no auditório da Livraria Cultura, sobre rock independente, o Instiga apresentou algumas músicas que estarão no seu 3º álbum (Tenho Uma Banda), além de algumas dos dois primeiros (Máquina Milenar de 2005 e Menino Canta Menina de 2007) para uma platéia atenta.
Esse sim foi um show adequado para um auditório [n.e.: veja o porque deste comentário na resenha sobre show do Benedita], afinal o som do Instiga é digno de contemplação. Os instrumentos são tocados de forma cuidadosa e leve. E justamente por isso era possível se atentar nos arranjos que Pedro Leite compôs para sua bateria, que se completam com as linhas de baixo de Gabriel, assim como a guitarra de Christian que recorre pouco a distorção.
A banda estava solta e feliz por estar ali e isto transparecia nas piadas internas e na comunicação com o público, que respondia com risos e comentários. Como ocorreu quando Christian pediu para a banda recomeçar uma música, alegando que havia iniciado no tom errado. Os outros dois integrantes apenas pararam, com um ponto de interrogação estampado em suas faces e recomeçaram. No final da canção, Gabriel acrescentou que só o vocalista achou que estavam errados, os outros não. Todos dão risadas e se divertem, entendendo que aquilo fazia parte do show.
Infelizmente a cumplicidade de banda e público não ocorreu no dia seguinte na Estação Cultura. O Instiga abriu a tarde de shows, tocando para poucas pessoas. Pelo local ser aberto toda a sutileza do som se perdeu e esta é justamente a principal qualidade da banda.
Ainda que eles não privilegiem o peso e agitação, talvez seja interessante considerarem a voltar a utilizar duas guitarras ou um teclado, para que os arranjos sejam percebidos, mesmo em ambientes maiores. Assim fazendo com que todos voltem a atenção para os detalhes de suas composições.

sábado, 16 de agosto de 2008

Venus Volts | Entrevista + Resenha show Autorock 2008

Fotos Rafael Martins


O Venus Volts é uma banda que sabe onde quer chegar. Inglaterra é um de seus destinos e sua marca por aqui já toma forma e possibilidades de levantar esse vôo. Com participação e presença confirmada nos principais festivais de rock do país, incluindo o Motomix, promovido pela Motorola, Venus Volts aportou no AutoRock, em sua cidade natal, Campinas, mostrando sua nova energia sonora, envolta pelo vocal feminino de Trinity que derruba qualquer pretendente a rockstar.
Quem perdeu o Venus Volts no Autorock pode ainda tentar acompanhar a banda pelo Festival do Sol, em Natal, um dos maiores festivais de música independente da atualidade, ou no Barbarella, festival promovido em Goiânia a bandas de vocal feminino.Antes do show, Trinity (vocal) e Pellê (vocal e guitarra) conversaram gentilmente com Rafael Martins para um bate-papo/entrevista, onde comentaram as novas influências e os próximos rumos que a banda deve seguir.
Com vocês... Venus Volts!

Done: Primeiro eu queria saber o que é que mudou da época do Fluid em relação a agora com o Venus Volts, além do vocal, claro...
Trinity: A gente nem cita mais Fluid, porque praticamente é uma nova banda. Não em sonoridade, mas com um conceito novo de banda. Mas a principal mudança mesmo está no vocal feminino. Na parte instrumental, de composições, é estarmos mais abertos a novas idéias, abordagens novas de músicas. A gente está com a idéia de por elementos eletrônicos também mas dentro da linha que a gente já faz...

Done: E por que essa mudança?
Pellê: Porque ela me intimou (risos). Eu estava lá tranqüilo e ela entrou no meu Myspace e disse que ia cantar com a gente. Aí rolou uma mudança natural, ela trouxe novas influências, bandas com vocais femininos, algo de anos 80, e também estamos ouvindo bastante coisas mais atuais, como Bloc Party.
Trinity: A questão do eletrônico também veio por isso, porque eu já escutava e tinha umas influências dos anos 80..Pellê: É, mas sem exagero nessa coisa de eletrônico. São coisas pequenas.

Done: Vocês já estão preparando algum material com essa nova sonoridade?
Pellê: Sim, temos algumas músicas novas, sem ainda o eletrônico, mas estamos preparando. Dependendo de como for acontecendo a gente vê se lança um CD novo. Ou dependendo de como forem acontecendo os contatos, ver se realmente a gente solta "o primeiro disco", já com essa nova linha.

Done: Já tem algum contato?
Pellê: Por causa do Motomix, a gente teve muitos contatos. Não falo que abriram portas, porque ainda não estamos dentro de nenhuma delas.

Done: Falando nisso, vocês têm um certo hype, apesar de não estarem dentro do grande hype da música independente. A que vocês atribuem esse "sucesso"? Vocês têm feito algum trabalho forte de divulgação? Myspace?
Pellê: Ah! Eu converso com muita gente há muito tempo por internet, e essa mudança da banda chamou um pouco mais de atenção. O Motomix também chamou atenção... e as coisas estão rolando... festival em Natal, e acho que isso é fruto da nova banda.
Trinity: Em termos de Myspace a gente deu um upgrade na página, mas isso é o mínimo para que a banda seja bem divulgada e tenha uma imagem legal. Mas divulgação pesada que tenha dado retorno para a banda na realidade não existiu. Na verdade é mais pelos shows e pela nova proposta.
Pellê: Teve nossa participação na Trama que também ajudou bastante com o programa e exposição da banda no Youtube com o "12 horas no estúdio"... Virou hype, mais de 56 mil acessos.

Done: Os contatos que vocês estão fazendo são só no Brasil ou fora também?
Pellê: Por enquanto só no Brasil. A intenção é que aconteça algo fora também, principalmente fora. Mas por enquanto, só no Brasil.

Done: Vocês pretendem mudar para fora do país?
Pellê: Por que não?

Done: Pra qual lugar?
Pellê: Inglaterra, porque é mais a nossa cara. Se tiver alguma oportunidade de ir pra lá, mesmo que não seja pra morar, mas só pra tocar, vou amanhã!

Done: Como vocês se sentem antes dos shows?
Trinity: Antes me dava dor de barriga, mas depois do Motomix passoou.
Pellê: Antigamente eu ficava sem vontade de tocar, de mau humor. Agora não. A gente ensaia muito e a banda está muito segura. E agora quando estamos em cima do palco, a gente fala "É a Hora!".
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Prontos pra estourar
Rafael Martins

Não é difícil de ficar extasiado após ver o Venus Volts sobre um palco, principalmente pela performance da vocalista Trinity, discípula direta de Siouxie Sioux.
Porém, o que impressiona mesmo é a qualidade das músicas, com arranjos simples, mas trabalhados. Se encaixam bem na sonoridade do início do milênio com suas influências do pós-punk inglês dos anos 80 e pegada típica de bandas norte-americanas. Se aqui houvesse um mercado fonográfico inteligente, eu diria que estão prontos pra estourar.
O carisma de Trinity também remete à PJ Harvey, por ambas serem mulheres de estatura pequena e que ficam gigantes quando se expressam. Entenda, a banda, como um todo, mal cabe no palco, tamanho é o fluxo de energia produzido. O baterista Du literalmente socando seu kit, o baixista Dinho que com sua timidez dá a impressão de aparecer e desaparecer a todo instante de cena e a segurança do guitarrista Pellê nos faz lembrar um maestro. É nítida a plena consciência de cada um, o seu papel.
Mas as atenções sem dúvida são roubadas pela vocalista, que apesar das referências citadas é autêntica, de personalidade marcante. Tudo nela é digno de nota, dos olhos pintados às polainas, e as cerejas tatuadas no braço. Quando está interpretando uma canção e se posiciona em frente do palco e se inclina para o público encarando-os de forma incisiva, chega a ser intimidadora. Mas ao fim de uma música se despe ao ponto de sorrir delicadamente ao sentir que atingiu cada uma das pessoas que observara, a instantes, cada um dos seus movimentos.
O público esteve ali o tempo todo à mercê, com seus sentidos sendo levados de acordo com a intensidade dos sons que ecoavam entre a fumaça de cigarros e as paredes vermelhas do Bar do Zé. Show irretocável!








sexta-feira, 15 de agosto de 2008

SuperDrive | A banda vai acabar? | Entrevista + Show Autorock 2008



Quem acompanha a cena do rock independente de Campinas, sabe que o SuperDrive na figura de André Biaggio é uma banda, no mínimo, persistente. Com várias formações, vários nomes, e sempre com o fantasma “a banda vai acabar” rondando, o atual SuperDrive vem de uma evolução de extintos grupos, como Fuzzy Brains, Slow Down e RainDrops. Rafael Martins entrevistou o grupo, com sua nova formação, antes de entrarem no palco para abrirem o Autorock do dia 8 de agosto, no Bar do Zé. Já para adiantar... a banda não vai acabar.

Done: Então, vamos começar? Pode começar? Então... a banda vai acabar? rss Como a banda está hoje?
André: a gente está participando do festival pela segunda vez... está legal, estamos com uma nova formação. Eu na guitarra e vocal, o Japa/Alexandre no baixo e vocal, Fernando [ex-No Class] na guitarra e vocal e Mantovani, na bateria.

Done: Fala um pouco dessa evolução, desde a época do Fuzzy Brains, Slow Down, RainDrops e agora SuperDrive...
André: Acho que o grande problema dos outros foi que as formações duraram pouco. Agora, não. Estamos quase dois anos juntos. Antes saía e entrava gente, mudava o nome e falávamos ‘vamos tentar suprir a pessoa que está faltando mudando um pouco o estilo’. Agora, não! O grupo está mais coeso, todo mundo está contribuindo...

Done: E por que de tantas mudanças?
André: Ah, vários motivos! Incompatibilidade de gênios e idéias; no caso do Armando [Turtelli] no Super Drive, ele mudou para outro estado, o Shimu não quis continuar sem o Armando, o Véio [ex-Concretness] não agüentava mais tocar e não ganhar dinheiro – falou ‘já passou minha época’. O Véio resolveu sair quando fizemos um show em Americana com o Dead Fish e a gente não ganhou nada, nem água. Era a Festa Privada... eles sempre chamam uma banda de nome e outras cinco/seis menores. Mas paga a famosa e as outras não. Realmente é complicado.

Done: Vocês consideram que Campinas tem uma cena de rock alternativo?
André: Tem, mas pequena.
Japonês: É mais uma cena de amigos e ainda tem muita banda cover. Não tem bares duradouros. Tem o Bar do Zé, o Woodstock, a prefeitura com a Estação Cultura e alguns jornais que estão ajudando muito as bandas... as oportunidades estão crescendo. Estamos com novas perspectivas... fazendo contato com um pessoal dos Estados Unidos pra participar de uma coletânea... cena existe... ainda está pequenina, mas existe. Acho que tem que melhorar e se todos fizessem como o que está acontecendo hoje, o Autorock...seria bacana. É importante trabalhar para que isso não acabe como aconteceu antigamente.

Done: Explica um pouco mais sobre esse contato dos Estados Unidos.
Japonês: Esse é um contato que o André já tinha faz tempo com o produtor americano, Jack Mellin e John Mellin, e eles estão dando um grande apoio pra nós, estão divulgando bastante a gente nos Estados Unidos.

Done: Já existiu ou pode existir oportunidade de tocar por lá com essa coletânea? Japonês: Sim, existiu, mas com todo custo saindo do nosso bolso e não tínhamos como bancar quatro caras para tocar em Nova York. Mas se rolar um produtor interessado em nos bancar...

Done: Aqui vocês têm perspectiva de viver de música?
Japonês: Hehehehe...No Brasil? Não acredito. Gostaria muito, aliás todos nós.

Done: Por que a opção de cantar em inglês? A pergunta chata... hehehe...
André: É mais fácil de escrever, a sonoridade combina mais com a melodia das músicas e abre um pouco mais de contatos, com internet, principalmente... se fosse em português seria visto como algo exótico.

Done: Com a internet, qual diferença vocês vêm com a divulgação da banda?
André: Total! É muito mais rápido... é só passar um link no Myspace e o cara vai lá e ouve. E você tem retorno também do público muito mais rápido.

Done: E como tem sido esse retorno?
André: Com a entrada do Fernando, do Japa e do Mantovani começou a ampliar mais ainda. Acho que é porque deu uma evoluída, está mais rock´n´roll. Até umas pessoas que eu achava que já gostavam do SuperDrive, chegaram e falaram “agora, está legal”. Então quer dizer que antes estava uma merda? Risos...

Done: Me conta como vocês se sentem antes de entrar no palco...
André: Ah! Eu fico nervoso. Não com medo de tocar, mas com medo de que algo possa dar errado... rsss.

Done: E quando já estão no palco?
André: Depois que dá a primeira palhetada, tudo passa.
Japonês: É quando começa a minha festa.
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Uma banda de verdade
Rafael Martins
Há tempos André Biaggio vem tocando seu bubblegunpowerpop sobre desilusões amorosas (desculpem não ter resistido ao cliclê) e para isto já utilizou vários nomes: de Fuzzy Brain à Raindrops e hoje Superdrive. Mas desde a formação que contava com Armando Turtelli na guitarra (ex-Astromato e hoje no Artigo Blue) não sustentava uma formação tão solida. O show não foi pesado, mas agitado o suficiente para suar a camisa e fazer aquele sinal com a cabeça: “tipo, é isso aí!!!” e deixar escapar um sorriso pela canto da boca. A cozinha formada pelo baterista Mantovani e o baixista Alexandre davam a medida certa de peso. Enquanto o guitarrista Fernando (também do Drakula e ex-No Class) tampava todos os buracos que a simplicidade das músicas possa sugerir. Deixando André livre com sua voz frágil e melancólica, que estava mais pra desleixada, mas ainda sim melancólica. Hoje, o Superdrive não parece o André e sua banda, mas sim uma banda verdadeiramente. É possível enxergar que cada música tem um pouco da cada um e isto fez a noite fluir fácil deixando o publico bem perto do palco.



Fotos Rafael Martins

Idéias, tentativas e atmosfera rocker | Autorock 2008

Nota do editor : embora um pouco atrasado, vai aqui uma explicação sobre o que é tudo isso , e o que vocês podem e poderão ler nos próximos dias...
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Por Rafael Martins
Estava de boa no happy hour do Bar do Zé com alguns amigos quando alguém na mesa comenta como estava boa a programação do mês no bar: Del-o-Max, Venus Volts, Radiare, No Class...No Class (???) – vai rolar o Autorock, tôma o flyer – diz à garçonete que quando sorri faz aquelas covinhas na bochecha.
Então pensei na hora: já faz uma cara que eu e a Marcinha estamos a fim de sugerir ao BDZ a aproveitar o MySpace de uma forma mais ampla, ao invés de limitar o espaço a um poste ou muro eletrônico para colar cartazes dos shows que irá rolar.
Por que não produzir matérias sobre as bandas que sobem ou não ao palco do bar e outros assuntos de cultura pop? E por que não começar com uma cobertura do Festival Autorock?Marcinha ficou tão eufórica quanto eu com a idéia, e em seguida começou a articular. Criamos um projeto e apresentamos ao Milton e ao Max que se demonstraram interessados. Infelizmente não conseguimos definir nada antes do inicio do festival.
Então, tudo que vermos e ouvirmos será postando aqui no Blog Done Zine, que está passando por um processo, digamos assim.. de revitalização.
Outro que curtiu a idéia foi o ET, um dos organizadores e baixista do Muzzarelas e Drakula, que ouvia as idéias em sua loja de CDs no centro de Campinas enquanto resolvia problemas de trotes telefônicos e tentava trocar um vinil de uma de suas bandas (no caso o Muzzarelas) por um outro que eu não me lembro qual com um cara todo arrumadinho, mas com uma camiseta desbotada do GBH.
Logo percebemos que precisaríamos ampliar a equipe, então chamamos a Natália que faz jornalismo comigo e o Raí que tocava guitarra no The Fortunetellers de Sorocaba, que acaba se mudar pra cá, além de produzir o zine A Corda. Definido isto começamos a nossa “cobertura” chegando depois do show do Oito Mãos que abriu o festival na ultima 5º na Livraria Cultura. E de cara já vamos esclarecendo a impossibilidade de ser online, mas com um forte desejo de buscar uma maneira diferente de cobrir o evento.Não sabemos se conseguiremos, mas tentaremos utilizar pontos positivos de técnicas jornalísticas mais tradicionais e jornalismo gonzo. Mas acima de tudo, tentaremos passar o tesão que é ver uma banda de rock em cima de um palco e a atmosfera de um festival. Salve Hunter Thompson. Salve Lester Bangs. Salve Joe Sacco. Sendo assim, aguardem matérias, entrevistas, fotos e vídeos. Mas não crie expectativa nenhuma.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Uma banda conhecida, mas pouco ouvida | AutoRock 2008


Rafael Martins
O auditório da Livraria Cultura no Shopping Iguatemi talvez não seja o local mais adequado para uma banda de rock com um som agitado. O público fica comportadamente e enfadonhamente acomodado em confortáveis poltronas, o que não combina com, por exemplo, o som da Benedita, que abriu o AutoRock 2008, no dia 7 de agosto. Mas, som e iluminação, de boa qualidade, colaboraram para a competente apresentação do grupo de Campinas, exibindo algumas das canções que estarão no aguardado primeiro cd.
Relativamente conhecida na cidade – é conhecida, mas pouco ouvida –, a banda prendeu a atenção de todos os presentes como se estivessem num teatro ou cinema – mais contemplando do que participando, é verdade, já que o ambiente não era propício à interatividade.
As músicas apesar de pesadas sustentam certo swing e influências de cultura negra e indígena. O guitarrista e vocalista De e o baterista Marcelo fizeram parte da LinguaChula, que chegou a lançar um cd nos anos 90 pelo extinto selo Bangela e foi impossível não fazer essa conexão. Afinal existe a evolução natural entre as duas bandas, e a todo instante se esperava músicas desse período, como Jezebel, Língua e Demente. Ainda que nenhuma das canções executadas sejam tão marcantes quanto as citadas, o grupo possui personalidade própria e com o lançamento do cd e uma divulgação correta esta situação provavelmente será mudada.








sábado, 9 de agosto de 2008

Benedita na Livraria Cultura | AutoRock 0708



Benedita na livraria Cultura abriu o AutoRock 2008
Fotos Rafael Martins




quarta-feira, 6 de agosto de 2008

AutoRock

É amanhã! Nesta quinta começa o Autorock Campinas SP 2008. Done Zine estará por lá e vai deixar aqui registrado um pouco do que ver e principalmente ouvir por lá. Aguardem entrevistas, comentários e fotos, muitas fotos...