Ontem, após o show de despedida dos Pin Ups no Sesc Pompeia
(SP), a Alê me deu um abraço tão gostoso e forte e gritou “Marcinhaaaa!! Você veio! Conseguiu lembrar da sua
juventude?”. Fiquei parada com vergonha de chorar, mas, sim! Lembrei muito! E
para aproveitar esse revival dos mais de 20 anos... e toda essa emoção do show, resolvi colocar aqui na tela alguns momentos que
lembro da minha juventude com eles.
Minha história com o Pin Ups começou no dia 25 pra 26 de
julho de 1992, quando os vi pela primeira vez, tocando com Tube Screamers (o
ex-nome do atual Againe), na Gruta do Rock, em São Vicente. Histórias
maravilhosas desse dia. Mas isso eu já contei
no meu zine (leia aqui) e aqui neste blog (leia aqui). Mas acho que nunca
contei alguns detalhes, e que acho que merecem espaço. Afinal, eu só escrevo
quando algo muito bom me inspira e esse show de despedida deles merece toda
homenagem do mundo.
Nesse dia em que assisti ao show deles em 1992, falei “Para tudo!
Existe um undergound borbulhando de coisas boas e é nele onde eu quero estar!”.
E assim foi... nunca mais saí dele, de ouvir músicas boas e de ir em shows
maravilhosos. Passei a escrever para fanzines, a fazer o meu próprio fanzine e,
lógico, sempre haveria um espaço para comentar algo dos Pin Ups.
Mas passado a euforia inicial... ou melhor... continuando a
euforia inicial, em 1992 eu resolvi entender quem era essa banda. Sempre os
ouvia na 89FM – sim! Tocava Pin Ups na 89FM, na década de 90 - mas não tinha a
menor noção de onde vinham ou para onde
iam. Conheci o disco “Time Will Burn”, fui em mais alguns shows e sabia que o
Marquinhos (o baterista na época) era de Santos e que era o vocalista do Garage
Fuzz, banda de hardcore que tinha integrantes amigos de amigos nossos. Vivíamos em Santos, onde todos
se conhecem. Num show do Pin Ups aqui em Campinas com Ratos de Porão e Muzzarelas,
resolvemos, eu e minhas amigas inseparáveis Dani e Glaucia, dar um pulinho no
camarim. Falamos com Marquinhos, perguntando de Santos, e ele simpático e amigável
trocou algumas palavras conosco.
Nisso, resolvi também procurar o Zé Antônio, o guitarrista,
porque existia um fanzine aqui de Campinas, o Brokenstrings, feito por Sérgio
Vanalli e Thiago Mello – os idealizadores do Juntatribo – que sempre trazia
matérias do “grunge” nacional, com Killing Chainsaw e Pin Ups em destaques. E
tinha uma foto linda deles – Marquinhos, Zé, Alê e Luis. Eu olhava aquela foto
e olhava e olhava e olhava... e pensava: “uaalll. Que foto legal! Esses caras
devem ser muito legais”! :D
Descobri que o Zé Antônio trabalhava na Final Solution, uma
loja de discos, e eu queria comprar o vinil de Time Will Burn e queria também,
muito, falar com ele. Liguei para a loja. Expliquei meu desejo de compra e ele,
muito amável como sempre, disse que não tinha mais o vinil pra venda.
Não lembro muito o desfecho. Mas um dia ele retorna a ligação e fala “então, gravei uma fita pra você do nosso disco. Te entrego aí no nosso show”. Parem as máquinas, que a Márcia precisa descer. Fui até a Lua e voltei de felicidade de saber que teria uma fita cassete de Time Will Burn, gravada pelo próprio Zé! A juventude é linda, não? :D
Não lembro muito o desfecho. Mas um dia ele retorna a ligação e fala “então, gravei uma fita pra você do nosso disco. Te entrego aí no nosso show”. Parem as máquinas, que a Márcia precisa descer. Fui até a Lua e voltei de felicidade de saber que teria uma fita cassete de Time Will Burn, gravada pelo próprio Zé! A juventude é linda, não? :D
Mas antes disso, um tal de José Emilio Rondeau, que escrevia
para a finada revista Bizz, resolveu fazer uma crítica de dois discos: Gash, do
Pin Ups, e do homônimo do Killing Chainsaw. As palavras exatas daquele senhor
eu não me lembro, mas foi algo do tipo: “são cópias de bandas internacionais,
como Jesus and Mary Chain e My Blood Valentine”. Eu e Glaucia Santinello lemos
aquilo e o sangue subiu. “Como assim? Esse cara não vai ficar falando o que ele
bem quer e ficar por isso!”. Adolescentes fervorosas, pegamos a caneta e
traçamos algumas linhas endereçada à revista Bizz num tom “se são cópias, não
interessa. Importante, que estão fazendo algo que nunca ninguém fez no Brasil. E
sim, eles têm influência das duas bandas e que bom!”. Afinal, nas rádios
brasileiras, o que se escutava na época? Titãs? Legião? Paralamas? Algo já
datado de décadas e décadas.
E a Bizz publicou nossa carta! E nossa vida foi muito mais
feliz depois disso. Primeiro porque nos sentimos poderosas – “brigamos com o
José Emílio Rodeau, aquele chato!” – e segundo, porque isso chegou até as
vistas de Alexandra Brigante Cruz (na época só Brigante) e aos demais
integrantes da banda. E nesse show, conversando com o Zé, que me entregou a
fita!!!, com a Ale e com o Marquinhos, a
Alê descobre que éramos nós “as meninas da carta”. “Marquinhos, elas são as
meninas de Campinas que escreveram a carta pra Bizz!”, disse Alê feliz e
sorrindo como sempre.
E assim foi... depois desse dia, em que eles tocaram numa
festa da física na Unicamp, em cima de um tablado de caminhão, junto com Mickey
Junks, Quazímodo e Heaven in Hell, fomos em todos os shows que pudemos ir aqui
em Campinas, no So-Ho ou no Tribo, ou em SP, no DerTemple ou no Retro, e em
Pira, em Sorocaba... onde conseguíamos carona, nós estávamos lá.
Éramos fãs, e viramos colegas, amigos, sei lá... nessa época todo mundo era amigo de todo mundo e existia
sempre uma mensagem de agradecimento nos discos, o que nos enchia de alegria.
Marquinhos, virou um querido, e seria seu aniversário em 07 de agosto quando
teria Pin Ups e Garage Fuzz no Der Temple e resolvemos comprar um disco do Gumball de presente pra ele.
Acho que foi nesse dia que combinamos de dormir na casa dele, mas com uma história tão maluca para nossos pais, porque nunca que eles nos deixariam dormir na casa de um estranho. Mãe, sorry, mas precisávamos ir nesse show. Para minha mãe, eu iria dormir na casa do primo da Glaucia, para o pai da Glaucia ela iria dormir na casa dos meus tios, e para os pais da Dani, dormiríamos no primo da Glaucia também. No final das contas, descobrimos que o Marquinhos morava na rua da minha madrinha e que eles se conheciam (!!!) e que o tio da Dani, que era de Santos, conhecia a mãe ou alguém da casa do Marquinhos porque sempre desciam pra Santos (!!!). Ou seja, todos se conheciam. E a gente inventando historinhas... Moral dessa história toda – o mundo é muito pequeno. Por isso, não mintam, crianças! Mas divirtam-se muito!
Dia seguinte... Luis querendo beber água de madrugada, café da manhã na Pirica, Farofa dizendo que minha mãe tinha ligado, e eu não acreditando. Mas tudo na paz, sem nenhuma maldade... só queríamos curtir o som e nos divertir. E eles sei lá o que pensavam de nós... três adolescentes com problemas, provavelmente :P
Mas como nos divertimos. Nesse, e em todos os shows que fomos. Afinal, como diria um amigo, “o mundo é muito melhor quandos as guitarras estão ligadas.”
Acho que foi nesse dia que combinamos de dormir na casa dele, mas com uma história tão maluca para nossos pais, porque nunca que eles nos deixariam dormir na casa de um estranho. Mãe, sorry, mas precisávamos ir nesse show. Para minha mãe, eu iria dormir na casa do primo da Glaucia, para o pai da Glaucia ela iria dormir na casa dos meus tios, e para os pais da Dani, dormiríamos no primo da Glaucia também. No final das contas, descobrimos que o Marquinhos morava na rua da minha madrinha e que eles se conheciam (!!!) e que o tio da Dani, que era de Santos, conhecia a mãe ou alguém da casa do Marquinhos porque sempre desciam pra Santos (!!!). Ou seja, todos se conheciam. E a gente inventando historinhas... Moral dessa história toda – o mundo é muito pequeno. Por isso, não mintam, crianças! Mas divirtam-se muito!
Dia seguinte... Luis querendo beber água de madrugada, café da manhã na Pirica, Farofa dizendo que minha mãe tinha ligado, e eu não acreditando. Mas tudo na paz, sem nenhuma maldade... só queríamos curtir o som e nos divertir. E eles sei lá o que pensavam de nós... três adolescentes com problemas, provavelmente :P
Mas como nos divertimos. Nesse, e em todos os shows que fomos. Afinal, como diria um amigo, “o mundo é muito melhor quandos as guitarras estão ligadas.”
E por falar em guitarras ligadas, o Zé um dia já foi
considerado um dos melhores guitarristas do Brasil, e ontem no show a cada
acorde eu pensava (me desculpem o termo) “pqp! Porque tocar tanto, heim, Zé
Antônio?!”. Sim, é o melhor. E que me desculpem, Flavio e Eliane, que entraram
com a saída de Marquinhos e Luis, mas Pin Ups pra mim, sempre será lembrado por
esses quatro: Zé, Alê, Marquinhos e Luis. A eles, meu Muito Obrigada, queridos!
(E Zé, não desligue sua guitarra!)
(E Zé, não desligue sua guitarra!)