domingo, 15 de novembro de 2015

Despedida do Pin Ups: show no Sesc Pompeia e minhas lembranças de juventude

Ontem, após o show de despedida dos Pin Ups no Sesc Pompeia (SP), a Alê me deu um abraço tão gostoso e forte e gritou “Marcinhaaaa!! Você veio! Conseguiu lembrar da sua juventude?”. Fiquei parada com vergonha de chorar, mas, sim! Lembrei muito! E para aproveitar esse revival dos mais de 20 anos... e toda essa emoção do show, resolvi colocar aqui na tela alguns momentos que lembro da minha juventude com eles.

Minha história com o Pin Ups começou no dia 25 pra 26 de julho de 1992, quando os vi pela primeira vez, tocando com Tube Screamers (o ex-nome do atual Againe), na Gruta do Rock, em São Vicente. Histórias maravilhosas desse dia. Mas isso eu já contei  no meu zine (leia aqui) e aqui neste blog (leia aqui). Mas acho que nunca contei alguns detalhes, e que acho que merecem espaço. Afinal, eu só escrevo quando algo muito bom me inspira e esse show de despedida deles merece toda homenagem do mundo.

Nesse dia em que assisti ao show deles em 1992, falei “Para tudo! Existe um undergound borbulhando de coisas boas e é nele onde eu quero estar!”. E assim foi... nunca mais saí dele, de ouvir músicas boas e de ir em shows maravilhosos. Passei a escrever para fanzines, a fazer o meu próprio fanzine e, lógico, sempre haveria um espaço para comentar algo dos Pin Ups.

Mas passado a euforia inicial... ou melhor... continuando a euforia inicial, em 1992 eu resolvi entender quem era essa banda. Sempre os ouvia na 89FM – sim! Tocava Pin Ups na 89FM, na década de 90 - mas não tinha a menor noção de onde vinham  ou para onde iam. Conheci o disco “Time Will Burn”, fui em mais alguns shows e sabia que o Marquinhos (o baterista na época) era de Santos e que era o vocalista do Garage Fuzz, banda de hardcore que tinha integrantes amigos de amigos nossos. Vivíamos em Santos, onde todos se conhecem. Num show do Pin Ups aqui em Campinas com Ratos de Porão e Muzzarelas, resolvemos, eu e minhas amigas inseparáveis Dani e Glaucia, dar um pulinho no camarim. Falamos com Marquinhos, perguntando de Santos, e ele simpático e amigável trocou algumas palavras conosco.




Nisso, resolvi também procurar o Zé Antônio, o guitarrista, porque existia um fanzine aqui de Campinas, o Brokenstrings, feito por Sérgio Vanalli e Thiago Mello – os idealizadores do Juntatribo – que sempre trazia matérias do “grunge” nacional, com Killing Chainsaw e Pin Ups em destaques. E tinha uma foto linda deles – Marquinhos, Zé, Alê e Luis. Eu olhava aquela foto e olhava e olhava e olhava... e pensava: “uaalll. Que foto legal! Esses caras devem ser muito legais”! :D







Descobri que o Zé Antônio trabalhava na Final Solution, uma loja de discos, e eu queria comprar o vinil de Time Will Burn e queria também, muito, falar com ele. Liguei para a loja. Expliquei meu desejo de compra e ele, muito amável como sempre, disse que não tinha mais o vinil pra venda.




Não lembro muito o desfecho. Mas um dia ele retorna a ligação e fala “então, gravei uma fita pra você do nosso disco. Te entrego aí no nosso show”. Parem as máquinas, que a Márcia precisa descer. Fui até a Lua e voltei de felicidade de saber que teria uma fita cassete de Time Will Burn, gravada pelo próprio Zé! A juventude é linda, não? :D



Mas antes disso, um tal de José Emilio Rondeau, que escrevia para a finada revista Bizz, resolveu fazer uma crítica de dois discos: Gash, do Pin Ups, e do homônimo do Killing Chainsaw. As palavras exatas daquele senhor eu não me lembro, mas foi algo do tipo: “são cópias de bandas internacionais, como Jesus and Mary Chain e My Blood Valentine”. Eu e Glaucia Santinello lemos aquilo e o sangue subiu. “Como assim? Esse cara não vai ficar falando o que ele bem quer e ficar por isso!”. Adolescentes fervorosas, pegamos a caneta e traçamos algumas linhas endereçada à revista Bizz num tom “se são cópias, não interessa. Importante, que estão fazendo algo que nunca ninguém fez no Brasil. E sim, eles têm influência das duas bandas e que bom!”. Afinal, nas rádios brasileiras, o que se escutava na época? Titãs? Legião? Paralamas? Algo já datado de décadas e décadas.

E a Bizz publicou nossa carta! E nossa vida foi muito mais feliz depois disso. Primeiro porque nos sentimos poderosas – “brigamos com o José Emílio Rodeau, aquele chato!” – e segundo, porque isso chegou até as vistas de Alexandra Brigante Cruz (na época só Brigante) e aos demais integrantes da banda. E nesse show, conversando com o Zé, que me entregou a fita!!!,  com a Ale e com o Marquinhos, a Alê descobre que éramos nós “as meninas da carta”. “Marquinhos, elas são as meninas de Campinas que escreveram a carta pra Bizz!”, disse Alê feliz e sorrindo como sempre.

E assim foi... depois desse dia, em que eles tocaram numa festa da física na Unicamp, em cima de um tablado de caminhão, junto com Mickey Junks, Quazímodo e Heaven in Hell, fomos em todos os shows que pudemos ir aqui em Campinas, no So-Ho ou no Tribo, ou em SP, no DerTemple ou no Retro, e em Pira, em Sorocaba... onde conseguíamos carona, nós estávamos lá.



Éramos fãs, e viramos colegas, amigos, sei lá... nessa época todo mundo era amigo de todo mundo e existia sempre uma mensagem de agradecimento nos discos, o que nos enchia de alegria. Marquinhos, virou um querido, e seria seu aniversário em 07 de agosto quando teria Pin Ups e Garage Fuzz no Der Temple e resolvemos comprar um disco do Gumball de presente pra ele.

Acho que foi nesse dia que combinamos de dormir na casa dele, mas com uma história tão maluca para nossos pais, porque nunca que eles nos deixariam dormir na casa de um estranho. Mãe, sorry, mas precisávamos ir nesse show. Para minha mãe, eu iria dormir na casa do primo da Glaucia, para o pai da Glaucia ela iria dormir na casa dos meus tios, e para os pais da Dani, dormiríamos no primo da Glaucia também. No final das contas, descobrimos que o Marquinhos morava na rua da minha madrinha e que eles se conheciam (!!!) e que o tio da Dani, que era de Santos, conhecia a mãe ou alguém da casa do Marquinhos porque sempre desciam pra Santos (!!!). Ou seja, todos se conheciam. E a gente inventando historinhas... Moral dessa história toda – o mundo é muito pequeno. Por isso, não mintam, crianças! Mas divirtam-se muito!

Dia seguinte... Luis querendo beber água de madrugada, café da manhã na Pirica, Farofa dizendo que minha mãe tinha ligado, e eu não acreditando. Mas tudo na paz, sem nenhuma maldade... só queríamos curtir o som e nos divertir. E eles sei lá o que pensavam de nós... três adolescentes com problemas, provavelmente :P

Mas como nos divertimos. Nesse, e em todos os shows que fomos. Afinal, como diria um amigo, “o mundo é muito melhor quandos as guitarras estão ligadas.”





E por falar em guitarras ligadas, o Zé um dia já foi considerado um dos melhores guitarristas do Brasil, e ontem no show a cada acorde eu pensava (me desculpem o termo) “pqp! Porque tocar tanto, heim, Zé Antônio?!”. Sim, é o melhor. E que me desculpem, Flavio e Eliane, que entraram com a saída de Marquinhos e Luis, mas Pin Ups pra mim, sempre será lembrado por esses quatro: Zé, Alê, Marquinhos e Luis. A eles, meu Muito Obrigada, queridos!

(E Zé, não desligue sua guitarra!)


terça-feira, 16 de junho de 2015

40 anos, homenagens e música

Hoje me olhei no espelho e vi uma mulher de 40 anos muito mais bonita que a de 30. Uma certa coragem, audácia, dizer isso, mas para os que me conhecem saberão que não é uma exibição. Cada idade tem, sim, sua beleza. Acho que aproveitei bem cada uma delas. E por isso não voltaria no tempo para refazer algo, porque foram todas as experiências, as boas e ruins, que me deixaram assim, com cada gordurinha a mais, cada ruga, cada cabelo branco. E como é bom ver isso de forma limpa.
Lógico que sinto saudade de momentos maravilhosos ao lado de pessoas maravilhosas.  Mas creio que se chego hoje a ter esse pensamento passando por minha cabeça, é porque elas ainda estão comigo. Cada pedaço meu tem registrado cada experiência vivida. E sim, Luizinho, a família de alguma forma continua junta, como gostaria de ter visto. E hoje, em homenagem ao seu aniversário aqui na Terra, estou escutando as música do seu irmão Sansei. Good vibes sempre. Vocês podem ouvir aqui (seemöve): http://bit.ly/1HRa2L6.
E ouvindo isso, me diga se essa mulher de 40 anos olharia a si própria com o mesmo olhar se não tivesse tido ao lado pessoas maravilhosas? Viva a música!








Há tempos que não aparecia por aqui. A música é o que impulsiona este espaço e talvez ela esteja voltando ao meu dia a dia. Rezemos! ;)


terça-feira, 16 de julho de 2013

O dia em que falei com o Renato Russo - E quem era o Edson amigo dele?


Outro dia, nossa querida Nina Lemos publicou uma história sobre como ela entrevistou o Renato Russo com algumas mentirinhas. Na hora ri porque lembrei da minha história com uma pequena mentira também contada pra poder chegar perto dele. Afinal, Cazuza e Renato Russo eram os maiores ícones do rock no final dos anos 80 início dos 90, e neste ano tinha apenas 15 anos e muita vontade de falar com um “ídolo”. Entender suas músicas, e revoltar-se com o mundo da mesma forma como eles se revoltavam, era normal em mentes juvenis ávidas por rebeldia e descontentamento com a sociedade e mundo a sua volta. “Mãe, sua piscina está cheia de ratos”, lembro-me perfeitamente dizendo isso a minha mãe que estava desesperada por eu não ter chegado a tempo dos fogos de ano novo, não por culpa minha, mas por culpa de um trânsito infernal no trajeto Santos-Mongaguá. Foi lá que conheci um menino chamado Marcelo, lindo. Olhos verdes. Ariano (difícil, heim eu ficar com um ariano, talvez o único). Fiquei com ele, e uns dias depois ele e uns amigos muito bacanas perguntaram se iria ao show do Legião  em Campinas. Ele era de Itu e queriam muito ir.“Noooooossaaaa!!!! Quero muito ir”, falei. “Então está fechado. Posso convidar uma amiga que também ama Legião Urbana?”. Fomos todos. Era 10 de outubro de 1990. Tínhamos 15 anos e minha vida e a da Dani nunca mais seria a mesma. O show foi no ginásio do Guarani. Como éramos ainda novatas de shows, ficamos na arquibancada, que de certa forma, era perto também e tínhamos uma visão completa de tudo que se passava pelo palco. Lembro-me perfeitamente da camisa branca do Renato Russo, das rosas vermelhas, de como ele se contorcia no palco na cover de Sisters of Marcy, Jesus e outras que ele fez, e de alguém pisou no meu dedo. Nossa, como doeu. Meu colega Marcelo nos deixou em casa. Estávamoshipnotizadas. A única coisa que pensávamos era “precisamos conhecer esse cara”.Mas não pergunte por quê. Não sei... Coisas de adolescentes, que achavam que acabaram de encontrar seu salvador, provavelmente. Ainda mais que ele cantava Jesus, Sisters e Joy Division. Tínhamos acabado de ler uma reportagem sobre o Renato Russo na Veja, em que estava se declarando publicamente gay. Nela estava seu nome completo, o nome de sua mãe, e de seu pai, sabíamos, logicamente. Não foi difícil para duas garotas em não muita sã consciência sair caçando pela lista telefônica e serviços de auxílio à lista o telefone dos pais de Renato Russo. Achamos, depois de umas cinco tentativas. Conseguimos um telefone de Brasília e um da Ilha do Governador, locais onde a família possuía casa. Liguei.

“Alô, quem fala?”

“Quer falar com quem?”

“Queria falar com a Dona Carminha”.

“Dona Carminha, telefone pra senhora”.

Pronto. Lá estava feita a tentativa correta.

“Olá, Dona Carminha. Aqui é a Bia Abramo, da Bizz” – aqui está minha mentira para conseguir chegar ao Renato e desculpe, Bia, pelo uso de seu nome em vão. “Estou procurando pelo Renato para uma entrevista. A senhora sabe onde eu posso achá-lo?”.

Dona Carminha sempre foi muito gentil e educadíssima e atenciosa me explicou que o Renato estava morando em um apart no Rio, no Marina Palace.

Pronto. Lá se vai mais uns serviços de auxílio à lista, e pronto. Encontramos.

“Por favor, Renato Manfredini Júnior”.

“Um minuto, por favor”.

Nossa, passaram a ligação. O sangue corria por todas as parte do corpo. A adrenalina, percorria cada centímetro de minha boca. Só tive essa sensação três vezes com essa intensidade na vida – a primeira quando subi ao palco pela primeira vez para apresentar uma peça de teatro. A segunda quando desci uma onda perfeita em Itamambuca com uns 14 anos, e esta quando o telefone do quarto do apart do Renato Russo tocou e atendeu.

“Alô, quem é?”, uma voz de um garoto meio afeminada soou do outro lado.

“Oi, é a Márcia de São Paulo”, aqui não tinha mais porque ficar mentindo e falei quem era de verdade. “Eu queria falar com o Renato. Ele está aí?”.

“Renato, é a Márcia, sua amiga de São Paulo”.

“Renato, é a Márcia. Não sou sua amiga, mas tudo bem?”

“Tudo bem, e você? Quem é você?”.

“Eu e uma amiga minha, a Dani, gostamos muito de você. Fomos semana passada ao seu show e queríamos que você nos desse um conselho”. Com a cabeça completamente atordoa foi a primeira coisa que apareceu para tentar puxar conversa.

“Olha, eu estou saindo para ir a um show. Vai ser uma homenagem ao Cazuza, sabe? Mas faz o seguinte. Reza, Reza bastante”.

“Está bom. Obrigada. Vou rezar”. Quase não conseguia falar.

Na sequência, a voz que havia atendido primeiramente o telefone voltou a falar. “Então, a gente vai sair, mas depois a gente conversa, tá?”.

“Tá. Obrigada”.

A sala lá de casa era pequena para as rodadas que demos no chão de tanta alegria. Não nos contínhamos de ter conseguido falar com o Renato Russo, um “deus” para os adolescentes e jovens adultos na época, e que de certa forma, ele tinha sido educado e bacana.

Psicas como éramos, logicamente não parou apenas nesta ligação. No dia seguinte, lá estávamos nós novamente, tentando falar com ele. Conseguimos falamos com ele, e depois com seu amigo e companheiro de apart hotel, o Edson, que nos atendeu feliz e nos contou como havia sido a homenagem ao Cazuza. “Acho que ele gostou da gente”, pensávamos na época, uma vez que ao invés de ficarmos amiga de Renato Russo como gostaríamos, ficamos mesmo amigas de seu amigo Edson.

Nós ligávamos, ele nos atendia e conversávamos minutos e minutos, ele nos mostrava gravações de shows, um do Jockey, eu lembro bem... ou seja de 30 a 60 minutos, em média, tempos que foram suficientes para vir contas absurdas de telefone e termos que vender nossas roupas para pagá-las e escondê-las de nossos pais. Mas éramos muito inteligentes, como o próprio Renato disse – “Vocês são muito espertas, heim, meninas”. Depois do dia em que contamos a ele como havíamos conseguido seu telefone, nunca mais o nome Manfredini contou no serviço de informações 102. Talvez não éramos tão espertas assim... não deveríamos tê-lo contato nossa estratégia. Mas o fato é que falamos com Renato mais umas duas ou três vezes. Com Edson era quase todos os dias. Em 23 de outubro de 1990, seu aniversário, ele nos contou:

- Hoje é meu aniversário. Estou fazendo 21 anos”, e todo feliz comentou que Renato havia lhe dado um presente. “Ele me deu um sapato super bonito”. Não sabíamos ao certo que tipo de relacionamento existia entre eles. Também não nos importávamos com isso. O que o Edson nos contou é que eles haviam se conhecido num supermercado. Não me lembro ao certo se ele era empacotador, ou empurrava carrinhos. Também não sabemos se a história era verdadeira. Mas o Ed, como nós o chamávamos, passou a nos ligar com uma certa frequência também. A partir daí não conseguimos mais falar com Renato, e conversávamos apenas com seu amigo. Até que um dia, ele nos liga, a cobrar de alguma cidade do Nordeste, acho que estava em Recife, dizendo que estava em uma turnê do Legião Urbana e que iria nos ligar na volta, quando chegasse em Cumbica (SP). Os locais eram verdadeiros, afinal na conta do telefone ficaram todas registradas as ligações a cobrar. “Vou descer em Cumbica e depois vou até Campinas. Quero visitar vocês”. Não sabíamos se ficávamos felizes ou tristes. Mas, aos 15 anos, sem nenhuma experiência, morremos de medo do que poderia vir pela frente. E bem ou mal, minha mãe, Lenir, que já estava ficando íntima do Ed também, de tanto que ele ligava não deixou mais que atendesse às ligações dele à cobrar. Isso que ela nem sabia que ele estava vindo para Campinas. Ele chegou em Cumbica e ligou...

Não atendemos. Minha mãe não deixou eu falar. A partir daí não sabemos mais o que lhe aconteceu... ele sumiu. O Renato também sumiu. Ligamos várias vezes para Hotel Marina e nada. Ligamos para sua mãe e nada. Chegando o Natal, pensamos “ele deve fazer uma visita à mãe”. Ligamos e ele nos atendeu...

- Oi, Renato. Tudo bem? A gente queria saber se você está bem e saber o que aconteceu com o Edson...do outro lado, uma voz brava e exaltada:

- Não sei! O Edson morreu! Não me liguem mais.
 

Acabara de receber um fora de Renato Russo. Lógico, não lhe procuramos nunca mais. Não sabíamos ainda na época que ele estava com AIDS. Mas depois ficamos sabendo que a notícia lhe veio bem neste período, e ficamos nos perguntando se o Edson realmente havia morrido ou se foi uma desculpa que o Renato achou para nós. Até hoje gostaríamos de saber onde ele foi parar. Perguntei em 2011, ao Dado (O Villa-Lobos) se ele sabia do Edson, mas ele não se lembrava...

Mas ainda gostaria de saber o que aconteceu com ele. Espero se alguém ler este post possa nos explicar quem foi e o que aconteceu com o Edson depois de novembro de 1990. Rezemos, rezemos bastante! ;)

 

 

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Banda Pin Ups está de volta?

Grupo se reúne para show especial durante Virada Cultural, em São Paulo (SP)

Márcia Raele

A primeira vez que vi a um show do Pin Ups foi em julho de 1992. Isso mesmo, há quase 20 anos. Eu já os tinha ouvido na rádio, a 89FM que na época era uma rádio rock e sempre buscava inserir em sua programação algumas novidades do rock nacional. Nessa época não existia internet, sequer redes sociais como as de hoje compartilhando informações em milhares de segundos, mas existia uma forte (porque não) mídia social chamada fanzine e a melhor de todas, os amigos. Estava em Santos, passando minhas férias de julho (eu era uma adolescente de 17 anos e ainda podia me dar ao luxo de ter férias) com minhas amigas Daniela e Glaucia.

Lá tínhamos uma corrente de amigos inesquecíveis que gostavam dos mesmos sons, falavam das mesmas coisas e dividiam os mesmo sentimentos. Um deles, o Sérgio (Tchubo – que não vive mais neste planeta) foi quem nos avisou do show na Gruta do Rock, extinta casa na divisa entre Santos e São Vicente. Era 25 de julho, e na mesma noite tocaria também Tube Screamers, banda de hardcore que anos depois trocaria de nome para Againe. Foi uma noite muito feliz por milhares de detalhes ao caminho e durante o show, e talvez uma das mais felizes em minha vida. Algumas pessoas presentes neste dia, se a memória não estiver falha: Daniela, Gláucia, Tchubo, Dimitre, China, Jefferson, Giovani, Sansei, Luizinho (Champignon). Caminhos divertidos até lá, com direito a linha de trem e sustos “O treeemmmmm”.

Mas voltando a música, a partir desse dia, passei a perceber que existia uma vida rica e interessante no submundo do rock. Muita coisa aconteceu nesse ano de 1992, e a cena do rock underground nacional fervia na mesma proporção que o grunge de Seatle se despertava para o mundo. Não, como disse, graças à Internet, mas aos fanzines, demos, selos independentes e à amizade que reinava entre todas as bandas e público. Virei fã do Pin Ups, assisti a mais uma dezena de shows deles, critiquei críticos de música da época que não entendiam o que estava acontecendo (como diz uma amigo – o Pin Ups estava muito a frente de seu tempo), virei amiga deles e fico muito feliz por isso. Uma vez ganhei um cartão de aniversário dizendo que a felicidade estava nas amizades conquistas. Hoje, completando 37 anos, 20 anos depois de tudo isso, posso dizer que fui e sou muito feliz. Pela conquista de amigos que vivenciaram comigo todo esse período e guardam consigo toda a essência que vivíamos.

Mas eu vim aqui para mostrar a entrevista completa que fiz com a Alê e o Zé Antônio, do Pin Ups, às vésperas deles se apresentarem na Virada Cultural de São Paulo (SP). Uma parte já foi publicada no site do Rock´n´Beats (http://bit.ly/ILZ4q9) . Poder conversar com eles é sempre uma alegria. Poder vê-los tocar é sempre a certeza de entender porque são tão considerados.

Quando foi a última vez que fizeram um show?
Zé Antônio – Com essa formação, acho que foi em 2004, no Curitiba Pop festival. Depois disso fiz um show no CB, pra comemorar os 20 anos do primeiro álbum, mas a Alê não tocou. O Luiz, vocalista do primeiro álbum foi quem cantou e o baixo foi tocado pelo Jesus, do Los Pirata.

Estão ansiosos para este retorno na Virada Cultural?Alê – Sim, muito! Eu mesma nunca mais toquei depois que saí do Lava em 2006, e é muito emocionante tocar as músicas do Pin Ups novamente com a banda reunida.

Zé Antônio – Acho que mais do que ansioso eu estou feliz em reencontrar e tocar com os amigos queridos do Pin Ups. Vai ser divertido, mas não sei qual será o público, pois muita gente não vai querer levantar tão cedo.

Por que esta reunião para o evento? Será apenas esse show, ou os fãs podem esperar por um retorno maior? Existe algum projeto para futuro?
Zé Antônio – Em princípio é só um show, mas não descartamos a possibilidade de fazer mais algumas apresentações. Sabemos que essa não será uma volta da banda, mas se aparecer uma boa proposta, não há porque recusar.

Já têm um set list pronto para a Virada?
Alê – Sim! O set é gigantesco em se tratando de uma apresentação do Pin Ups. Serão 18 músicas! Fato inédito em nossa existência.

Zé Antônio – A maioria são músicas que a Alê já cantava, algumas da fase anterior, e três covers que a gente costumava tocar nos shows.



O show será com a formação de vocês, mais a Eliane e o Flávio, certo? Os primeiros integrantes (Luis Gustavo e Marco, vocalista e baterista na primeira formação da banda, respectivamente) algum dia tiveram interesse em retornar as atividades com o Pin Ups? Ou vocês já pensaram em reunir a primeira formação da banda?
Alê – Consultamos ambos antes de fazer a reunião com esta formação. A ideia era fazermos o show do Time Will Burn [primeiro trabalho do grupo]. Porém o Marquinhos está morando em Detroit e está em turnê com sua nova banda [Jesus & The Groupies]. Então não deu certo e assim resolvemos fazer a reunião da formação da segunda fase do Pin Ups.


Como avaliam a cena musical atualmente no Brasil? Vocês acreditam que o Pin Ups ajudou a construir o que existe atualmente, seja na cena indie ou não?
Zé Antônio – Na época essa ideia nem passava pela nossa cabeça. Hoje várias bandas já vieram dizer que nós fomos influência. Isso me deixa muito feliz, é claro. Ouvir isso depois de tanto tempo é surpreendente. Em relação à cena alternativa de hoje, eu acho ótima por vários motivos: primeiro porque tem muita gente boa, com talento e determinação. Além disso, a música alternativa já não é algo tão restrito e tão compartimentada como era no passado. Hoje os estilos se misturam, os músicos colaboram mais entre si e existe uma preocupação com a qualidade musical.  É tudo bem menos ingênuo do que em nossa época, isso é verdade. Mas é bom ver que tem músico da cena alternativa se dando bem, construindo uma carreira e sendo percebido pelo público. Dá um alívio ver isso.

Alê - Acho que a cena está em eterna efervescência e devido ao grande número de espaços para shows e meios de comunicação muita coisa boa sempre vai surgir. Acho meio pretensioso dizer que ajudamos a formar alguma coisa, mas no fundo até que é bem verdade, né?

Poderiam comparar a época em que começaram a tocar nos anos 90 com os dias atuais? O que mais gostam daquele período e quais críticas teriam? E em relação a hoje, existe algum ponto que destacam dentro do rock nacional ou alguma crítica?
Zé Antônio – Acho que falei um pouco disso na resposta anterior... mas naquela época tudo era muito mais difícil. Quase não haviam lugares para tocar, o equipamento era sempre sofrível, os shows sempre na alta madrugada e muitas bandas tocavam de graça. Apesar de tudo isso, havia um certo idealismo no ar. A gente passava por poucas e boas, mas estava sempre feliz com os shows e os amigos que fazíamos.

Alê – Quando começamos a tocar, os shows eram destinado a um público restrito e interessado em música alternativa em geral. Sem o auxílio da internet o alcance era outro porém de alguma forma, o fato da cena ser mais intimista fazia com que o clima fosse quase que familiar – somos amigos de grande parte daquelas pessoas que compunham a cena (você inclusive !!!) até hoje.

Qual fato (bom ou ruim) mais marcante dentro da história do Pin Ups?
Zé Antônio – Nossa... essa é difícil de responder. Acho que os fatos mais marcantes foram o lançamento do primeiro álbum e as turnês ao lado do Superchunk, quando viajamos pelo país ao lado de uma banda que gostávamos tanto.

Vocês sempre exerceram outras atividades além de tocar em bandas. A música está atrelada também à vida profissional e ao dia a dia de vocês?
Alê – Sim, eu sempre trabalhei com música. Seja na Roadrunner Recs, na MTV ou na Conteúdo Musical. Hoje sou autônoma, mas continuo prestando serviços de produção artística. É um verdadeiro privilégio poder trabalhar com música neste país!

Zé Antônio – Sempre... ouço música o dia todo e sempre que possível meu trabalho tem a ver com música. Trabalhei por 17 anos na MTV falando sobre música e agora estou na curadoria da Let's Rock, uma exposição sobre que está acontecendo na Oca, do Ibirapuera. Foram quase 8 meses dedicados a isso até a abertura e está sendo uma delícia.

Algum recado em especial?
Zé Antônio – Sim.. agradecer a todas as pessoas queridas como você que sempre estiveram ao nosso lado. Espero que possamos nos encontrar no show da virada.

Alê – Esperamos que todos se animem, acordem cedo, comam um pão na chapa, tomem um café bem forte e venham assistir ao nosso show às 8h30 no domingo, no palco da Barão de Limeira. Ah! Vale virar também, é que eu mesma já estou no time dos velhinhos [risos].

                                                  Pin Ups, no extinto bar Tribo, em Campinas (SP)

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Entrevista com Wayne Hussey (The Mission): “Tem sido muito bom ouvir as músicas com o tom original novamente”

Foto: Cinthya Hussey
Por Márcia Raele

Piracicaba sempre foi muito quente, mas aquele dia parecia
que o sol estava ainda mais perto de nós. Um antigo engenho construído no
século XIX às margens do rio – hoje um patrimônio histórico e cultural da
cidade – foi o local escolhido por Wayne Hussey, vocalista do The Mission (UK),
para nossa entrevista, na terça-feira de Carnaval. O grupo, que está celebrando
seus 25 anos, fará show em São Paulo no dia 27/05, e talvez na região de
Campinas (Red Eventos – Jaguariúna) e Curitiba, em datas a serem confirmadas. Wayne
está morando no Brasil já há alguns anos – é casado com uma brasileira – e,
apesar de um pouco mais velho, não perdeu o estilo rocker com diversos brincos
na orelha, calça jeans, camiseta preta e seu tradicional óculos escuro.
Após 50 anos de idade, disse que fez sua primeira tatuagem: uma patinha de
cachorro e o nome Babi, uma Cocker Spaniel de sua esposa. “Ela era cega por causa
do diabetes e eu adorava jogar futebol com ela porque eu sempre ganhava”,
comenta sorrindo. “Mas ela faleceu há três anos”. Passeando por galpões em
ruínas e a ponte sobre o rio Piracicaba, conversamos sobre os próximos shows na
América Latina e também sobre algumas curiosidades que eu tinha sobre eles há
cerca de 25 anos.

Quais suas expectativas sobre os próximos shows aqui na América do
Sul?

Wayne Hussey – As turnês na América do Sul são sempre muito
loucas e cheias de eventos interessantes e acontecimentos inesperados. Mas o público
é sempre maravilhoso. A última vez que fizemos show aqui no Brasil foi em 2002,
e por isso estamos bem ansiosos.

Essa turnê é para celebrar os 25 anos da banda, certo? Qual a diferença
de tocar hoje em relação a quando vocês começaram em 1986?

Wayne Hussey – Antes eu tinha mais cabelo e menos corpo [risos]. Em 1986, não imaginávamos chegar aos 25 anos de história. As músicas da época eram bem diferentes, tínhamos recursos diferentes. Mas nunca pensamos em viver este momento, o que é uma grande emoção.

E a emoção do público nos shows do The Mission, continua igual?
Wayne Hussey – É sempre grande. Mas não que o público tenha
aumentado em todos esses anos, não temos um público novo. O que aconteceu é que
nosso público foi crescendo com o The Mission.

E uma curiosidade minha: por que The Mission? Existe algo religioso em
tudo isso, algum recado a ser dado ou uma “missão”?

Wayne Hussey – Não exatamente. Mas certamente se você me
perguntasse isso naquela época eu iria inventar algo, porque era como minha
cabeça funcionava naquele tempo. Mas, uma das coisas que aprendi com os anos,
foi que as coisas não precisam de respostas. As músicas que cantava eram sobre
situações e o que eu sentia naquele exato momento, mas não que existisse uma
razão ou algum recado a ser dado.

E o símbolo do The Mission [espécie de cruz com símbolos de infinito
entrelaçados], tem algum significado especial?

Wayne Hussey – Eu roubei dos franceses. Os ingleses não gostam muito dos franceses, então eu roubei o símbolo dos franceses [risos].Este era um símbolo que tinha em cima do chapéu da guarda civil francesa, aquela que costuma salvar as pessoas de enchentes.

Você queria salvar alguém?
Wayne Hussey – Talvez, eu mesmo.

Voltando aos shows, o que o público pode esperar? Já existe um set list
definido?

Wayne Hussey – Ainda não, mas sabemos que o público quando vai aos nossos shows querem ouvir os sucessos, como Severina, Tower Of Strength, Butterfly on Wheel.
Sempre existem as músicas novas a serem tocadas, mas pela nossa experiência,
sabemos que se não tocarmos os sucessos as pessoas fogem para o bar.

Desde quando o The Mission voltou a tocar com a formação original, e
como tem sido?

Wayne Hussey – Começamos em outubro de 2011 [iniciaram a
turnê pela Europa], para a celebração dos 25 anos da banda, e tem sido muito
bom. Ao longo dos anos, eu deixava os músicos convidados bem à vontade para
tocarem dentro dos seus estilos, e agora com a nossa formação tem sido muito
bom ouvir as músicas com o tom original novamente.

E é difícil morar no Brasil e ter o resto da banda em outro país?
Wayne Hussey – Não. Hoje, pelas facilidades da Internet é
muito tranquilo. Há pouco tempo fiz uma gravação inteira de um álbum com
Julianne Regan [ do All About Eve ] totalmente via e-mails.

Conte-me um pouco sobre esse projeto com a Julianne, chama-se
Hussey-Regan, certo?

Wayne Hussey – Julianne e eu nos conhecemos há muitos anos,
desde o tempo do disco God’s Own Medicine [ela é a voz feminina de Severina],
então acho que seria natural que um dia fizéssemos algum trabalho juntos. E foi
bem natural mesmo, sem pressões de prazo. Muito gostoso.

E podemos esperar um novo trabalho do The Mission?
Wayne Hussey – Bem... nós estamos pensando a respeito para o
próximo ano. Mas por enquanto é só isso, um pensamento. Não queremos firmar
planos, mas estamos gostando muito dessa ideia de tocarmos juntos novamente, e
se continuar assim acho que será natural gravarmos um novo álbum. Vamos ver...

[Mais sobre o The Mission abaixo e em themissionuk.com ou The Mission XXV,São Paulo,Brasil]


Deuses ou Homens?
Temos um estranho comportamento de endeusarmos alguns tipos
de artistas. Os cantores são um deles, ainda mais se forem internacionais e com
alcance de público imenso. Isso aqui no Brasil toma, às vezes, proporções
exageradas devido à nossa cultura mais amorosa e calorosa em sentimentos. Mas
esquecemos que atrás de poses, vozes, interpretações existem pessoas como outra
qualquer, talvez apenas um pouco mais famosa ou rica. Não me excluo desse
sentimento e sempre tive grande admiração – e por que não “embasbacamento”– por
muitos grupos/cantores de rock. O The Mission é um deles, o qual conheci quando
tinha 12 anos apresentado por meu irmão Du (sempre ele): “Tina, esse é o The
Mission. O vocalista e o baixista saíram do Sister´s Of Mercy e montaram o The
Mission”.
Pronto! Foi o suficiente, principalmente após ouvir
Severina, Tower of Strenght e Wastland, para fazer uma ligação maluca em minha
cabeça - irmãos da misericórdia, a
missão, God´s on Medicine (nome do primeiro disco) – de algo realmente divino
no sentido literal ou simplesmente por ser muito bom. Real ou não, intencional ou não, suas
músicas, vestes e símbolos sempre foram uma referência para mim. E hoje, 25
anos depois, tive a grata oportunidade de rever alguns detalhes sobre tudo
isso, ou pelo menos matar algumas curiosidades, como “qual o significado do
símbolo do The Mission?”, “Por que The Mission?”. Não que a resposta dada tenha
mudado algo em meus sentimentos por suas músicas, mas ouvir da boca da própria
pessoa que a criou foi algo bastante esclarecedor. Afinal, não estamos mais em
1986, e não tenho mais os sonhos da época. Mas pude encontrar com alguém que
fazia parte deles, e ver que ele é uma pessoa real. Talvez ele possa representar um elo entre nós e Deus (afinal ele é um cantor, e não é essa a função original da música?), quem sabe?
Aqueles que irão às apresentações que o Mission fará
no Brasil – já confirmada a de São Paulo, no dia 27/05, no Cine Joia – com certeza
dividirão esse mesmo sentimento. Um dos ícones da geração gótica nos anos 80, a
banda sempre arrastou multidões por onde passava pelo mundo. Hoje, sem tantas vestes
pretas e com cabelos mais curtos e grisalhos, Wayne Hussey, Graig Adams e Simon Hinkler deverão fazer um show de celebração. Afinal, são 25 anos de banda, fato que, como o próprio vocalista comentou, não esperava acontecer. “É uma grande emoção. Não imaginávamos chegar até aqui. Está sendo muito bom ouvir as músicas com o tom original”.
Após uma conversa tranquila com ele e sua simpática esposa, não
pude deixar meu lado fã à parte e pedi um autógrafo para meu vinil God´s Own
Medicine (Remédio dos Deuses, que remete à morfina – santa morfina que tirou as
dores da minha cesárea : ) ). Não sei se foi apenas para fazer uma alusão ao
contexto do disco, (cheio de dizeres sobre fé) ou não, mas Wayne escreve: “Márcia,
mantenha a fé”.

A fé está mantida e a tempestade que caiu logo após nos
despedirmos comprovou tudo isso para mim.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Duran Duran no SWU


Existem dois bons motivos para uma banda chegar aos 30 anos de carreira: um é pelo dinheiro, outro pelo talento que a sustenta até a presente data. O Duran Duran pode ser enquadrado no segundo item – é lógico, que um dinheiro a mais ninguém reclama, não? Mas continuar só por continuar e não ter talento não adiantaria.
O show do Duran Duran no SWU, em Paulínia, em 13 de novembro, provou isso. Em uma das noites menos concorridas do festival de três dias, eles se saíram como uma das melhores atrações fazendo um show respeitável tanto para os saudosos dos hits dos anos 80, quanto para os que nem conheciam nada e estavam lá apenas porque uma vez ouviram dizer que eles eram uma banda legalzinha... “aquela que toca Ordinary World”. Com os sucessos The Reflex, Wild Boys, View To a Kill, Rio, como Notorious ou a atualíssima Girl Panic, os veteranos do mainstream mostraram o que é fazer um bom show.
Simon Le Bon, com um carisma que em meus 26 anos de conhecimento da banda não imaginava que teria, desceu três vezes para interagir com o público, em uma delas para fazer uma garota o apresentar. Brincou, pedindo para ela repetir: “o fantástico, o maravilhoso, o sexy, Simon Le Bon” (rss – não era mentira). John Taylor, com certeza um dos melhores músicos do festival – como apontou Thales de Menezes na Folha de São Paulo –, Nick Rodes, o melhor e mais cool tecladista de todos os tempos, Roger Taylor (sim, ele esteve aqui e, crianças, eu vi!!), reservado e eficiente em sua bateria. E mais: uma equipe de apoio de primeira, que tem o destaque para a back vocals (uma diva! – confesso, por alguns minutos quis ser ela ao vê-la atuar naquele palco). Tudo bem, faltou Andy Taylor... mas o atual guitarrista não deixou a desejar.
Fiquei emocionada. Achava que nunca os veria ao vivo e quando vi, encontrei uma banda grande, fazendo um show simpático e extremamente vibrante a um público que estava muito, muito feliz por estar ali. Parabéns, Duran Duran!
(Obs.: ouvi dizer que o show do Hole, lá no outro palco não foi lá grandes coisas... ufa! Ainda bem que fiz a escolha certa e fiquei com o DD).

Set List DD no SWU

Planet Earth
View to a Kill
All You Need is Now
Safe
Come Undone
The Reflex
Girl Panic!
The Chauffeur
Ordinary World
Notorious
Hungry like the Wolf
Sunrise
Wild Boys
Rio

Sim, faltou Save a Prayer...

sábado, 24 de setembro de 2011

Você sabe o que é o Natal?

Eu tinha 9 ou 10 anos quando escutei Do They Know It´s Christmas?, música gravada em novembro de 1984 pelo projeto Band Aid, de Bob Geldof. A música de Geldof e Midge Ure tornou-se hit no final do ano e chamou a atenção do mundo para os famintos da Etiópia. Em 1985, O Live Aid, um novo projeto do Geldof, rapaz teimoso que sabia o que queria e o que queria era chamar atenção novamente para esse problema perdido no meio do mundo. Um lugar onde não há nenhum interesse político ou financeiro e portanto pra que ajudá-los? Não sei se os esforços foram verdadeiros ou não, se os resultados foram bons ou não.
Mas eu só sei o que sinto e uma situação de 1984, eu então com 9 anos, e hoje 27 anos depois me chamou tão ou mais atenção. Não sei se foi uma febre descomunal do momento, mas vi Live Aid - O Filme, e alguns pontos de vista foram mudados em mim. Um o da figura de Bob Geldof, que sempre me pareceu alguém um tanto quanto maluco ou aproveitador. Não estou aqui para julgá-lo e nem sei se a figura exposta no filme é real. Nele me pareceu um rapaz sensível e obstinado por realizar o que quer. Me pareceu uma criança, mimada às vezes, mas com certa razão de ser. Quando criança a música me chamou atenção, mais pela beleza e pelo que ela despertava em mim do que por sua causa em si. Hoje, adulta, percebo a importância de sua causa, percebo a importância do Live Aid - e rezo para que o festival tenha sido sincero e tenha tido efeito assim como pareceu no filme. Geldolf vai estar aqui perto em breve, em palestra do SWU Music Festival, falando de sustentabilidade. Gostaria de olhar em seus olhos e ver se há sinceridade em tudo isso. Gostaria de perguntar cada detalhe do stress que foi organizar o Live Aid em 1985, como foi a conversa com Paul MacCartney, e se ele achou que seus esforços surtiram o efeito que desejava. Ou pelo menos um pouco. E se pelo menos o pouco foi conquistado, com certeza foi muito para uma terra que nunca teve nada.
Para quem não era nascido em 1984, talvez não entenda o arrepio que dá ao ouvir até hoje Do They Know It´s Christmas. Talvez quem nunca tenha visto crianças famintas morrendo, talvez nunca entenda que alguns esforços são necessários quando precisamos mudar o mundo.

Para entender mais do que estou falando assista a:

http://youtu.be/G18GbIB5AOc

e tente alugar ou baixar Live Aid - O Filme por aí.


It's Christmas time,
there's no need to be afraid.
At christmas time
we let in light and banish shade
And in our world of plenty
we can spread a smile of Joy
Throw your arms around the world
at Christmas time.

But say a prayer,
Pray for the other ones.
At Christmas time it's hard
but when you're having fun...
There's a world outside your window
and it's a world of dread and fear
Where the only water flowing is
the bitter sting of tears
Where the Christmas bells that are ringing
are the clanging chimes of Doom
Well, tonight thank God it's them istead of you.

And there won't be snow in Africa this Christmas time
The greatest gift they'll get this year is life.
Ohh....
Where nothing ever grows
No rain or rivers flow
Do they know it's Christmas time at all?

Here's to you...
Raise a glass for everyone
Here's to them
Underneath that burning sun
Do they know it's Christmas time at all?

Feed the world...
Feed the world...

Feed the world,
Let them know it's Christmas time again.
Feed the world,
Let them know it's Christmas time again.